Foi prorrogada até o dia 21 de fevereiro a exposição de arte
contemporânea, aberta à visitação noMuseude Arte de Santa Catarina
(Masc), espaço admnistrado pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC) no
Centro Integrado de Cultura, em Florianópolis. A mostra dos artistas
Raquel Stolf, Traplev, Aline Dias e Julia Amaral tem entrada gratuita, de
terça-feira a domingo, das 10h às 21h. Visitas mediadas devem ser
agendadas previamente pelos telefones(48) 3953-2324/ 3953-2319.
Com a prorrogação, a população e os turistas que visitarem Florianópolis
durante o Carnaval terão a oportunidade de prestigiar a mostra. “Convido a
todos os que ainda não compareceram ao Masc a aproveitarem os dias de
folga e virem com a família”, acrescenta o presidente da FCC, Joceli de
Souza.
Desde a abertura da exposição, em 27 de outubro de 2011, cerca de 2,7 mil
pessoas já conferiram os trabalhos inéditos, que foram doados recentemente
ao Masc por meio do Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça 2009 do
Ministério da Cultura/Funarte. A proposta foi idealizada pelos próprios
artistas como oportunidade de discutir e dinamizar a política de aquisição
da instituição, com a incorporação de trabalhos inéditos, desenvolvidos
especificamente para oMuseude Arte de Santa Catarina.
Sobre as exposições:
Assonâncias de silêncios:
Raquel Stolf apresenta os trabalhos Assonâncias de silêncios [coleção],
Assonâncias de silêncios [caixa de escuta] e Assonâncias de silêncios
[sala de escuta]. O primeiro é uma coletânea de silêncios sonoros,
gravados e/ou apropriados de diferentes contextos, sendo agrupados num CD
de áudio.
O segundo trata-se de um dispositivo para escutar o CD de áudio no espaço
expositivo, propondo experiências de imersão e sobreposição. A ação de se
posicionar para escutar silêncios numa caixa branca suspensa resulta numa
performance sutil e solitária para o espectador, solicitando um estado de
concentração.
O terceiro consiste no isolamento acústico de uma área dentro do espaço
expositivo, a partir da apropriação de uma cabine audiométrica branca, com
isolamento acústico de 40 decibéis.
Planos, validades e frustrações – sala 5:
Traplev criou uma nova sala-dispositivo para completar a série das
plataformas de dispersão Traplev Orçamentos, que se apresentam em espaços
de exposição e são mecanismos para abordar práticas específicas acerca dos
processos de negociações. A exposição surge de um contexto específico que
envolve operações cotidianas de relações sociais.
Ficar de pé n.2:
Aline Dias mostra quatro trabalhos: Traças e Coluna de papel, duas
instalações; a série de fotografias Mofos, que parte da coleta e
observação de alimentos mofados, e um livro de desenhos intitulado
Empilhamentos.
Coluna de papel é uma instalação formada por 17,5 mil folhas de papel
empilhadas, de modo a ocupar toda a altura do o pé direito da sala (cerca
de 3,85m). Mofos consiste em um conjunto de 36 fotografias de dimensões
variadas. Traças é uma instalação feita a partir da coleta e concentração
de casulos vazios de traças nas dependências domuseupela sua própria
equipe técnica, apresentados no espaço de exposição através de uma linha
horizontal. As traças indicam o envolvimento da instituição na manutenção
do trabalho, mas também sinaliza as suas condições de conservação. E se,
por um lado, a escassez de casulos coletados indica a assepsia da
instituição, por outro, impede ou reduz significativamente a visibilidade
da obra de arte que integra seu acervo.
Meninas-elefante são blocos inseguros:
Julia Amaral parte de uma série de desenhos de pequeno formato, que
retratam repetidamente a figura de uma “menina-elefante”. A instalação é
composta por um conjunto de desenhos e uma peça inflável de grande
dimensão em forma de menina-elefante.
Os pequenos desenhos, em geral feitos em cadernos de anotações ou papéis,
apresentam elefantes fêmeas com aspectos que lembram os seres humanos. São
retratadas sempre em estado de tristeza, cansaço, sonolência e
aborrecimento. Os desenhos conferem às elefantes condições emocionais
humanas como a melancolia e o desânimo e trazem o peso como principal
ponto de discussão.
A peça inflável é um desdobramento da mesma ideia dos desenhos trazida ao
plano tridimensional. As reflexões conceituais abordadas nos desenhos
tornam-se ainda mais evidentes na peça inflável. A contraposição de um
volume grande, que ocupa praticamente todo o espaço da sala de exposições,
com sua leveza e fragilidade (o volume é dado pelo preenchimento de ar),
dialoga com a forma como são feitos os desenhos: linhas de contorno
simplificadas que conferem espessura ao corpo do elefante; poucos traços
criam corpos densos. A inversão de qualidades e materialidades das coisas
e a subversão das propriedades físicas, são o eixo que norteia a grande
maioria dos trabalhos realizados pela artista.