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Sessão solene marca início das comemorações dos 150 anos do poeta Cruz e Sousa

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Sessão solene marca início das comemorações dos 150 anos do poeta Cruz e Sousa

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Até 24 de novembro, data do aniversário de nascimento do escritor catarinense, uma intensa programação vai movimentar a cidade para tornar mais conhecida a vida e a obra de Cruz e Sousa

Considerado o mestre do simbolismo no Brasil, Cruz e Sousa não recebeu em vida um tratamento da sociedade à altura de sua obra, e ainda hoje é pouco conhecido pela população, inclusive no município onde nasceu. Para dar mais visibilidade ao escritor, jornalista e militante da causa abolicionista, nascido na antiga Desterro (atual Florianópolis), uma intensa agenda cultural vai movimentar a cidade durante 30 dias. A programação inicia nesta segunda-feira (24/10), com uma sessão solene na Academia Catarinense de Letras, às 19h, e prossegue até 24 de novembro, data em que o poeta faria 150 anos.

Na cerimônia da Academia Catarinense de Letras, da qual Cruz e Sousa é patrono, haverá o pronunciamento do atual presidente da ACL, o jurista e escritor Péricles Prade, entre outras autoridades e representantes da população negra. Também será realizada uma intervenção artística pela atriz Luiza Lorenz, que vai declamar poemas do simbolista. O evento encerra com a exibição do filme “Alva Paixão”, de Maria Emília Azevedo.

agenda articulada e diversificada

A agenda cultural está sob responsabilidade do Grupo de Articulação – 150 Anos do Nascimento do Poeta Cruz e Sousa, formado por instituições públicas federais, estaduais e municipais, além de organizações privadas e entidades não governamentais, com a coordenação da Prefeitura de Florianópolis. A programação poderá ser consultada no portal da prefeitura, no site da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (http://portal.pmf.sc.gov.br/entidades/franklincascaes).

Oficinas de música, espetáculos teatrais, exposições, seminários, palestras, exibição de filmes, produção de games, performances, sessões solenes, encontros literários, além do lançamento de carimbo e selo personalizados com a imagem do poeta, são algumas das atividades previstas na programação. “Procuramos agregar parcerias para que Florianópolis possa homenagear este artista que muito nos orgulha por sua produção literária, talento e história de luta contra as injustiças sociais”, destaca o superintendente da Fundação Franklin Cascaes e secretário municipal de Educação, Rodolfo Joaquim Pinto da Luz, que coordena os trabalhos no âmbito municipal.

O objetivo da iniciativa é divulgar a poesia que imortalizou o escritor catarinense no meio literário como Cisne Negro, mas também possibilitar à população local redescobrir outros aspectos da trajetória deste conterrâneo ilustre que nasceu e morou na cidade boa parte de seus 36 anos de vida.

O Grupo de Articulação é formado pela Fundação Franklin Cascaes (FCFFC); Secretaria Municipal de Educação (SME); Coordenadoria Municipal de Promoção de Políticas Públicas para a Igualdade Racial (Coppir); Secretaria Municipal de Transportes, Mobilidade e Terminais (SMTMT); Instituto Énrea; Fundação Catarinense de Cultura (FCC); SC Games; Câmara Municipal de Vereadores; Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc); Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Academia Catarinense de Letras (ACL); Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina (IHGSC); Associação Catarinense de Imprensa (ACI); e Câmara de Dirigentes Lojistas de Florianópolis (CDL).

cruz e sousa do desterro

O maior poeta simbolista brasileiro nasceu em Nossa Senhora do Desterro, em 24 de novembro de 1861, com o nome de João da Cruz. Negro, filho dos escravos alforriados Guilherme da Cruz e Carolina Eva Conceição, foi educado com muito esforço pelos pais, contando com o amparo dos ex-senhores da família, o Marechal Guilherme Xavier de Sousa e sua esposa Clarinda. O casal, que não tinha filhos, não só ajudou na educação do menino, como deu a ele o sobrenome, incorporado à sua assinatura literária.

Cruz e Sousa estudou no Ateneu Provincial Catarinense e, ainda jovem, aprendeu francês, latim e grego, dedicando-se também à matemática e às ciências naturais. Aos 20 anos ingressou no jornalismo e fundou jornais como o Colombo, O Moleque e a Tribuna Popular, em parceria com o escritor e amigo Virgílio Várzea.

Enfrentando dificuldades financeiras, sofrimentos familiares e o preconceito da sociedade, o Cisne Negro parecia viver uma espécie de exílio em sua terra natal. Negro numa sociedade escravocrata, o escritor catarinense foi incompreendido por seus versos inovadores e pela poética que o colocou ao lado da vanguarda francesa. Por sua origem, foi recusado para ocupar o posto de promotor na província de Laguna. Por sua obra foi muitas vezes acusado de ser indiferente à escravidão e ter vergonha de ser negro. Mas, Cruz e Sousa não se deixou abater pelas críticas e o preconceito. Atuou como jornalista contundente, engajado com as lutas de seu tempo, militando contra a escravatura, em favor do abolicionismo.

O primeiro livro do poeta foi lançado em 1885, Tropos e Fantasias, em parceria com Virgílio Várzea. Escreveu artigos e poesias em inúmeros jornais brasileiros, especialmente do Rio de Janeiro, para onde se mudou em 1890. No ano seguinte, conheceu Gavita Rosa Gonçalves, também negra, com quem teve quatro filhos que morreram cedo, vítimas da tuberculose.

Em fevereiro de 1893, Cruz e Sousa publicou Missal e no mesmo ano, em agosto, divulgou Broqueis, deflagrando o Simbolismo no Brasil, movimento literário que se estendeu até 1922. A tuberculose atingiu o escritor levando-o à morte em Minas Gerais, aos 36 anos de idade, em 19 de março de 1898. Com a publicação póstuma de várias obras de sua autoria, o Poeta do Desterro conquistou enfim o reconhecimento de sua poética inovadora, firmando-se como um dos ícones da literatura no Brasil.

O corpo de Cruz e Sousa foi transportado para o Rio de Janeiro num vagão utilizado para o transporte de animais. O enterro, realizado no Cemitério de São Francisco Xavier , contou com a presença de poucos amigos, entre eles, José do Patrocínio, um dos destaques dos movimentos abolicionista e republicano. Em 2007, os restos mortais do escritor foram transladados pelo Governo de Santa Catarina e estão hoje depositados no Museu Histórico de Santa Catarina – Palácio Cruz e Sousa, no “coração de Florianópolis”.

Serviço:

O Quê: Sessão Solene – 150 anos de Nascimento do Poeta Cruz e Sousa
(abertura da programação alusiva ao sesquicentenário)

Quando: segunda-feira (24/10) – 19h

Onde: Academia Catarinense de Letras
Casa José Boiteux / Avenida Hercílio Luz nº 523 – Centro

Quanto: gratuito

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