A CPI dos Radares ouviu nesta quinta-feira, 26, o depoimento de Carlos Henrique de Almeida de Lima, mais conhecido por Baiano, responsável pela instalação e manutenção do sistema de semáforos em Florianópolis. As informações são da Assessoria de Imprensa da Câmara.
Baiano começou a trabalhar com a parte de instalação em 1994 em São Paulo. Passou por vários estados, até chegar a Florianópolis onde ficou de 2002 a 2005, implantando o novo sistema na Capital catarinense.
No ano de 2009, depois que a empresa em que trabalhava fechou, ele abriu a própria empresa para dar suporte às cidades onde havia instalado os sinais. Baiano garantiu que apenas ele é capacitado para operar os semáforos na cidade.
Com a empresa HLI Astech Instalações, Baiano fazia a manutenção dos semáforos em Florianópolis, terceirizado pela empresa Santo Antônio, com quem a Prefeitura tinha contrato para prestar o serviço até junho do ano passado.
No dia 9 de julho de 2014, seria realizada a licitação para seleção de nova empresa para operar o sistema de semáforos, mas o processo foi impugnado. Antes disso, Baiano foi chamado para uma reunião com Júlio Pereira Machado, Adriano Melo, ex-diretor do IPUF, e o dono da Focalle, José D´Agostini Neto.
Segundo o depoente, durante o encontro, Adriano e Júlio deixaram claro que Baiano não poderia participar da licitação para contratação de nova empresa para operar o sistema. E que se fizesse o processo seria impugnado. “A pressão era pra que eu aceitasse trabalhar para a Focalle. Caso eu entrasse na licitação e ganhasse, eles dariam um jeito de me prejudicar, como por exemplo, atrasando os pagamentos”.
Baiano, então, disse que não viu outro jeito a não ser ceder à pressão e não participou da licitação que aconteceu em julho do ano passado. O processo foi vencido pela Focalle, única empresa a apresentar proposta. O contrato foi assinado no dia 18 de julho. No mesmo dia, ainda de acordo com Baiano, Adriano Melo descumpriu o que ficou combinado anteriormente e o chantageou, cobrando a quantia de R$ 20 mil para que ele fosse contratado pela Focalle.
Baiano pagou o dinheiro exigido e passaria a atuar para a Focalle. Do contrato de R$ 86 mil da empresa com a Prefeitura, o depoente receberia R$ 35 mil para fazer a manutenção e programação dos semáforos da cidade. Mas, o contrato foi rescindido após a Operação Ave de Rapina.
Quando questionado sobre ser citado em conversas, transcritas no relatório da Polícia Federal e obtidas por meio de interceptações telefônicas, em que Júlio diz que teve que pagar algo a Baiano, ele nega e disse que teve que pagar para trabalhar.