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Desfile de cortejos e encontro de bandeiras anunciam Ciclo do Divino em Florianópolis

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Desfile de cortejos e encontro de bandeiras anunciam Ciclo do Divino em Florianópolis

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Em todos os lugares do mundo onde há influência da cultura açoriana existe a Festa do Divino Espírito Santo, inclusive em Florianópolis, cuja tradição resiste ao tempo na Ilha e região continental. Mas, pela primeira vez, as bandeiras e cortejos do Divino de 14 comunidades da Capital e de cinco municípios da Grande Florianópolis vão estar juntos num grande desfile pelo centro da cidade para anunciar o início do ciclo de festividades, valorizando o legado secular trazido do arquipélago dos Açores. O evento, que acontece neste sábado (15/05), às 9h30, é promovido pela Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC), com apoio da Casa dos Açores Ilha de Santa Catarina e Arquidiocese de Florianópolis.

A concentração dos grupos inicia às 8h30, no Forte Santa Bárbara, sede da Fundação Franklin Cascaes, de onde sairá o cortejo coletivo pelas ruas da cidade. O desfile vai abranger a rua Antônio Luz, Avenida Paulo Fontes, ruas Jerônimo Coelho, Felipe Schmidt e Arcipreste Paiva, finalizando no Largo da Catedral, onde haverá uma celebração e cantorias para marcar o encontro das bandeiras.

Atividades divulgam as festas

Para dar visibilidade a essa tradição, uma programação alusiva ao início do Ciclo do Divino Espírito Santo em Florianópolis ocorrerá durante toda a semana em diferentes locais. Na segunda-feira (17/05), às 19h, no Forte Santa Bárbara, será inaugurada a exposição “Divina Tradição”, que vai abrigar objetos, bandeiras e trajes alusivos à Festa do Divino. A mostra ficará aberta à visitação pública até sábado (22/05), com atendimento das 9h às 19h.

Como manda a tradição, foliões do Divino farão o peditório com um dos principais símbolos da festa. Na terça-feira (18/05), a comitiva com a Bandeira do Divino vai visitar a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), às 17h, e depois a Câmara de Vereadores, às 19h. Na sexta-feira (19/05), o périplo será na sede do Tribunal de Contas, no Centro.

Na quarta-feira (19/05), no Forte Santa Bárbara, às 10h30, haverá a abertura solene do Ciclo do Divino em Florianópolis, conforme estabelece a Lei Municipal nº 8010/2009, que institui a data comemorativa na quarta-feira anterior ao Domingo de Pentecostes no calendário móvel da Igreja. Nesse dia haverá apresentação musical da banda Amor à Arte e hasteamento da Bandeira do Divino num mastro especialmente confeccionado para o evento. A iniciativa visa anunciar à cidade o início do período das festividades, que vai de maio a setembro, culminando com o descerramento da bandeira no término do ciclo.

Paralelamente a essas atividades, a Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes vai oferecer uma oficina para confecção de trajes da Festa do Divino. A iniciativa visa estimular o feitio das roupas pelas comunidades que promovem o evento, considerando que o alto custo do aluguel dos trajes da corte imperial vem sendo um fator de desestímulo para a preservação dessa tradição que é realizada há mais de dois séculos na Ilha de Santa Catarina. No final do ciclo, em setembro, será realizado um encontro de Folias do Divino, assim como uma exposição do traje feito pelas alunas da oficina.

Manifestação é rica em símbolos

As Festas do Divino Espírito Santo ocorrem em quase 50 cidades onde houve imigração açoriana no litoral catarinense, entre elas Florianópolis. De acordo com a professora Lélia Pereira Nunes, no Livro Caminhos do Divino – Um Olhar sobre a Festa do Espírito Santo em Santa Catarina (Ed. Insular, 2007), essa manifestação popular é uma prática coletiva de forte simbologia e subjetividade, que mescla atividades religiosas, profanas e folclóricas.

Comemorada durante as celebrações de Pentecostes (50 dias após a Páscoa), a Festa do Divino reúne um expressivo conjunto simbólico que traduz a devoção ao Espírito Santo, e do qual faz parte a bandeira, cetro, salva, coroa, corte imperial, coroação do Imperador, folias e cantorias, promessas e pãezinhos, fogos de artifício, bailes, bingos, leilões e folguedos populares, além de novenas, missa solene, Te-Deum, bênçãos, peditórios e procissão da corte imperial, entre outros elementos.

O Ciclo do Divino Espírito Santo inicia quase sempre com a saída da Bandeira do Divino em romaria pelas ruas da comunidade. Ao som de rabeca, viola e tambor, os foliões do Divino seguem num périplo de casa em casa, anunciando a festa e pedindo donativos. Ornada com fitas multicoloridas e trazendo no alto do mastro uma pomba branca, a bandeira tem presença emblemática em todas as atividades, sendo um dos principais símbolos do evento, cujo ponto alto é a cerimônia de coroação do Imperador.

Para a professora Lélia Nunes, estudiosa do tema, a Festa do Divino é rica em simbolismos e variações de um lugar para outro, mas ainda preserva a essência do culto ao Espírito Santo. Comemora a esperança na chegada de uma nova era – um futuro onde haverá paz, partilha, solidariedade, liberdade, caridade e união entre as pessoas: o tempo do Império da Igualdade.

Tradição vem de Portugal

Alguns historiadores contam que a Festa do Divino Espírito Santo surgiu na Alemanha, no século XII, de onde se propagou para a Europa. Mas foi no século XIV, em Portugal, que a manifestação popular ganhou maior dimensão e divulgação, chegando ao arquipélago dos Açores.

Um dos defensores dessa ideia é o escritor e filósofo português Agostinho da Silva (1906-1994), que dedicou parte de sua vida à pesquisa da cultura luso-açoriana. Segundo ele, a origem da festa em terras portuguesas deveu-se à extrema devoção da Rainha Isabel de Aragão, que pela vida voltada à caridade e prática do bem e pelos milagres que lhe foram atribuídos, ficou conhecida como “Rainha Santa”, sendo canonizada em 1625 pela Igreja.

No artigo “Isabel e a Origem das Festas do Espírito Santo entre os Portugueses”, publicado no site A Diáspora, o filósofo conta que em 1282, ainda jovem, Dona Isabel foi dada em casamento a Dom Dinis, Rei de Portugal, nascendo dessa união o príncipe Afonso, herdeiro legítimo do trono. Anos mais tarde, por ciúme do amor e da atenção que o monarca dispensava a um filho concebido fora do casamento, batizado com o nome de Afonso Sanches, iniciou-se um ciclo de desavenças entre o príncipe Afonso e o Rei de Portugal – o que culminou em guerras pela conquista do trono.

Temendo a morte do esposo e do filho nesses conflitos, Isabel de Aragão, apegada às convicções cristãs, prometeu ao Espírito Santo um dia de culto e a própria coroa para que a paz voltasse à sua família e ao reino – o que ocorreu. Atribuindo a dádiva ao poder divino, a rainha cumpriu a palavra. No Dia de Pentecostes, em 1296, levou a prometida coroa real à Igreja erguida na Vila de Alenquer. Para a entrega, formou-se uma solene procissão com nobres do reino transportando estandartes com o símbolo do Espírito Santo.

Uma celebração jamais vista no país foi realizada para externar a vontade do Rei e da Rainha em servir ao povo no espírito da caridade e humildade, e onde os humildes eram exaltados, recebendo as insígnias do poder real – coroa e cetro – simbolizando a instituição do Império do Espírito Santo. Ao fim da solenidade, um banquete (o bodo) era partilhado com os pobres. Por ordem da Casa Real, a festa passou a ser realizada todos os anos na mesma data, ultrapassando as fronteiras do tempo e do território português.

Serviço:

O Quê: Lançamento das festividades do Ciclo do Divino Espírito Santo

Onde: Forte Santa Bárbara – sede da Fundação Franklin Cascaes

Rua Antônio Luz 260 – Centro

Quando: sábado (15/05) – 9h30

8h30 – concentração no Forte Santa Bárbara – Centro

9h30 – desfile do cortejo do Divino Espírito Santo pelas ruas centrais

10h – encontro das Bandeiras do Divino no Largo da Catedral – Centro

11h30 – confraternização dos cortejos no Forte Santa Bárbara – Centro


Programação da Semana

Segunda-feira (17/05)

19h – Abertura da Exposição “Divina Tradição”

Forte Santa Bárbara (sede da Fundação Franklin Cascaes) – Centro

Exposição aberta à visitação pública até 22/05 – das 9h às 19h

Terça-feira (18/05)

17h – Visita da Bandeira do Divino à Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL)

19h – Visita da Bandeira do Divino à Câmara de Vereadores

Quarta-feira (19/05)

10h30 – Abertura Oficial do Ciclo do Divino Espírito Santo em Florianópolis

Forte Santa Bárbara – sede da Fundação Franklin Cascaes

(conforme Lei Municipal nº 8010/2009)

– Apresentação da banda Amor à Arte

– Hasteamento da Bandeira do Divino Espírito Santo

Sexta-feira (21/05)

15h – Visita da Bandeira do Divino ao Tribunal de Contas

Outras atividades

Junho a setembro

Oficina de confecção de trajes da Festa do Divino

Setembro

Encontro Municipal de Folias do Divino

Calendário das Festas do Divino nas Comunidades

Maio

20 a 23 – Centro / Praça Getúlio Vargas

Igreja do Divino Espírito Santo

Casal Festeiro: Paulo Sérgio Gallotti P. Paraíso

Sandra Mara M.P. Paraíso

22 e 23 – Monte Verde

Matriz São Francisco Xavier – Ação Social Paroquial

Casal Imperador: Aristhides Martins

Santina Angelina Martins

22 e 23 – Ribeirão da Ilha

Matriz Nossa Senhora da Lapa

Casal Imperador: Altamiro Bento Martins

Maria Braulina Vieira Martins

29 e 30 – Lagoa da Conceição

Santuário Nossa Senhora da Imaculada Conceição da Lagoa

Casal Imperador: Marcindo Januário da Silveira

Eliete Jordelina da Silveira

Junho

02 a 06 – Trindade

Paróquia Santíssima Trindade

Casal Imperador: Braz João da Silveira

Marlethe Botelho da Silveira

04 a 06 – Rio Tavares

Capela do Bom Jesus

Casal Imperador: Vilson Amaral

Ionice Amaral

04 a 06 – Pântano do Sul

Capela de São Pedro

Casal Imperador: Ademir Eugênio Sardá

Maria Gorete Sardá

19 e 20 – Prainha

Paróquia Santa Terezinha

Casal Imperador: João Gilberto Prazeres

Solecia Elizabeth Prazeres

Julho

09 a 11 – Campeche

Capela São Sebastião

Casal Imperador: Silvio Ricardo de Andrade

Kizele Lopes de Souza

09 a 11 – Estreito

Santuário Nossa Senhora de Fátima

Casal Imperador: Nilton José Miguel da Silva

Ivonete Maria Bruggmann da Silva

Setembro

03 a 05 – Santo Antonio de Lisboa

Igreja Nossa Senhora das Necessidades

Casal Imperador: Ivo Manoel de Oliveira

Ruth de Braga Oliveira

03 a 05 – Barra da Lagoa

Capela de São Pedro

Casal Imperador: Antônio José de Souza

Jocelir Adriana B. de Souza

10 a 12 – Rio Vermelho

Igreja São João Batista

Casal Imperador: Gilmar Gualberto Soares

Maísa Zaide Caetano Soares

17 a 19 – Canasvieiras

Igreja São Francisco de Paula

Casal Imperador: Laudelino Domingues Oliveira

Neuza Maria Padilha de Oliveira

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