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terça-feira, abril 23, 2024
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Dia do Meio Ambiente: preservar água é prioridade da Epagri na estiagem

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Dia do Meio Ambiente: preservar água é prioridade da Epagri na estiagem

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O Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, ganha um aspecto mais relevante neste ano em Santa Catarina. É que o Estado enfrenta estiagem, que se agrava desde janeiro, quando as chuvas começaram a rarear no território catarinense.

Na agricultura, a falta de chuvas vem atingindo sobretudo a cultura da maçã, que acumula 19% de perdas, e o milho total, com 10% de perdas, segundo dados do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa). O Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de SC (Epagri/Ciram), responsável pelo monitoramento de níveis de rios e de chuvas, informa que o Estado não enfrentava uma estiagem tão grande pelo menos desde 2006.

A Epagri faz o monitoramento ambiental e do mercado agrícola, além da previsão do tempo, na intenção de manter os meios rural e urbano alertas para a situação. Nos 292 escritórios municipais da Epagri a mobilização é para sensibilizar famílias agricultoras e pescadoras para práticas que preservam a água. Por outro lado, os extensionistas da Empresa que atuam nos municípios também vêm tomando providências para gerar ou manter pontos de captação de água, na expectativa de apoiar as comunidades a atravessarem esse momento delicado.

Irineópolis

Em Irineópolis, a Epagri oferece uma solução “caseira” que vai fornecer água para pelo menos 35 famílias das comunidades de Rio Vermelho, Santo Antônio 2 e Rio Branco, produtoras de tabaco, leite e milho. É o modelo Caxambu de proteção de fonte, que será construído na semana que vem na propriedade do agricultor José Océlio de Castro.

A proteção de fonte modelo Caxambu foi desenvolvida em 2001 pelo geólogo Mariano José Smaniotto e por extensionistas da Epagri na região de Chapecó, num trabalho conjunto de entes públicos municipais e estaduais, que incluiu a Prefeitura de Caxambu do Sul e agricultores da região. Ao longo dos anos foram incorporadas adaptações e melhorias que aprimoraram a tecnologia.

O objetivo é proteger a fonte, também conhecida como nascente ou olho d’água, usando para isso tubo de concreto, canos pvc, pedras, brita, cacos de telha ou de tijolo, e outros materiais. Assim, o modelo Caxambu protege a fonte contra contaminação, seja por lixo, agrotóxicos ou dejetos humanos ou animal. A tecnologia também evita desmatamentos, protege o solo e ajuda a preservar e recuperar a vegetação nativa, entre outras vantagens.

Alex Caitan Skolaude, extensionista da Epagri em Irineópolis, conta que, diante da estiagem, o agricultor José Océlio o chamou dizendo que tinha uma fonte “muito boa” na área de preservação de sua propriedade. A animação do agricultor, em meio a um cenário de grave redução na oferta de água, intrigou o extensionista, que se surpreendeu ao conhecer a nascente. Ele mediu uma vazão de 28 mil litros de água por dia, o que vai ofertar uma captação de 15 mil litros de água diários.

Após a construção da proteção da fonte, a água vai ser armazenada numa caixa inicial, de cinco mil litros, e distribuída via mangueira para cinco residências. O excedente vai ser reservado numa outra caixa com a mesma capacidade, essa na beira de uma estada, permitindo que outras famílias que estejam com problemas de fornecimento busquem o líquido no local. Alex calcula que nesse sistema poderão ser atendidas uma média de outras 30 famílias, ou até um número maior, caso seja necessário.

A construção da proteção de fonte modelo Caxambu será feita na segunda semana de junho, com participação de dois extensionistas da Epagri no município, mais três agricultores, incluindo o dono do terreno. Em menos de um dia o trabalho estará pronto. A partir daí a prefeitura de Irineópolis e a Defesa Civil local devem entrar com as caixas d’água. Mangueiras, tubos, conexões e outros equipamentos para proteção da fonte e distribuição da água ficam por conta dos agricultores.

A fonte modelo Caxambu já provou sua eficiência em Irineópolis. Alex revela que, desde 2016, 80 famílias rurais foram beneficiadas com a tecnologia no município, por meio do Programa SC Rural. O resultado é que estes agricultores não estão sendo tão afetados pela atual estiagem.

Palhoça

Não é de hoje que o Escritório Municipal da Epagri em Palhoça atua para a preservação da água. Em 2006 a Epagri deu início à construção do sistema de captação, filtragem, armazenamento e distribuição de água da comunidade Santa Cruz do Maciambu. Financiado com recursos do Projeto Microbacias II, o sistema, que ficou pronto em 2008, capta água de nascentes na Serra do Tabuleiro e distribui para 50 famílias rurais e maricultoras da localidade. A água é potável e 95% é utilizada para dessedentação humana.

Sistema de captação, filtragem, armazenamento e distribuição de água foi realizado com apoio da Epagri e agora serve de modelo para outras comunidades

Com a estiagem deste ano, a equipe municipal da Epagri foi acionada pela Associação responsável pela manutenção do sistema, para sensibilizar os usuários para a necessidade de economia do recurso natural. A mobilização junto às famílias está sendo feita prioritariamente por Whatsapp, para manter o isolamento social recomendado pelo governo por conta da pandemia da Covid 19, conta Edson Carlos de Quadra, extensionista da Epagri em Palhoça.

A Epagri também está orientando a Associação para instalação de hidrômetro, que vai apoiar na gestão da água captada e distribuída. Com o equipamento, será possível verificar a realidade do que a comunidade está consumindo e suas reais necessidades.

Todo o projeto é desenvolvido em parceria com a Samae e a Secretaria Municipal de Maricultura, Pesca e Agricultura. Estes órgãos contam com a Epagri para conhecer melhor o sistema de captação e distribuição de água instalado em Santa Cruz do Maciambu, a fim de tentar reproduzi-lo em outras comunidades do município. Outra parceira é a Defesa Civil municipal, na mitigação dos efeitos da estiagem.

O município de Palhoça, na Grande Florianópolis, é o maior produtor de moluscos de Santa Catarina. Em 2018 produziu mais de 8 mil toneladas de mexilhões e ostras. Isso é mais da metade das 14.178 toneladas produzidos no Estado naquele ano. Além da maricultura, o município conta com produção agrícola e turismo rural, setores econômicos que também são assistidos pelo escritório local da Epagri.

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