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Florianópolis, 5 outubro 2024

Gênesis palavra por palavra será lançado na capital

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Tradução inédita propõe repensar princípios que definiram a civilização

De acordo com o Gênesis, Eva não teria sido criada a partir da costela de Adão, o homem foi projetado para ser vegetariano, o conceito de sustentabilidade já data da época da criação, a crise econômica mundial é provocada principalmente pelo desrespeito à natureza e pelo aumento de corrupção, e o dízimo como foi estipulado por diversas correntes religiosas nunca existiu. Essas e outras questões que marcaram a história da civilização humana são desvendadas numa nova versão do Gênesis, traduzida do hebraico para o português, “palavra por palavra”, e que será lançada no Livrarias Catarinense no Beiramar Shopping no próximo dia 01 de julho.

De autoria do escritor, músico e psicoquirólogo Nachman Szmulewicz, também conhecido como Maharaja, “Gênesis, Palavra por Palavra” traz os primeiros sete dos cinqüenta capítulos da escritura sagrada, oferecendo uma releitura desprovida de interpretações institucionais ou religiosas. Esta é a primeira vez na história do mundo que o livro mais lido e vendido da humanidade é traduzido palavra por palavra do original em hebraico para um idioma ocidental atual.

Maharaja, sendo de origem judaica, utilizou ainda conhecimentos do sânscrito e do latim para chegar a um formato totalmente inédito com o original em hebraico, a tradução palavra por palavra com a transliteração (pronúncia), e por fim, a tradução dos versículos numa linguagem atualizada. “Esta versão pretende mostrar os textos originais de forma mais transparente e compreensível para a época atual”, afirma esse argentino que já rodou o mundo sempre envolvido com projetos espirituais e de caráter solidário e humanista.

Ecologia, ciência, genética, psicologia, comportamento, metafísica, e a preservação e respeito à vida estão entre os temas que fazem parte de um “paradigma bíblico”, como diz Maharaja, que precisam ser discutidos pela nossa sociedade de forma a rever valores e a buscar o autoconhecimento como a maneira mais efetiva de resolver os problemas da humanidade. Ele confessa que sempre teve uma curiosidade “indomável” de compreender o maior best-seller de todos os tempos e que ao pesquisar se já havia algo parecido, nada encontrou. “Existem infinitas traduções, mas nenhuma que não tenha sofrido influências das mais diversas”, reitera, ressaltando que o Gênesis é um marco na história da civilização; antes da Bíblia, roubar e matar, por exemplo, não eram considerados crimes.

Os desafios da linguagem

São inúmeros os exemplos de como os verdadeiros ensinamentos foram se perdendo ao longo da história. Maharaja lembra que na Bíblia não existe a palavra “costela” e que o termo hebraico hatzela significava “o lado”. Isto muda completamente a perspectiva de Eva ter sido criada a partir desse osso de Adão. “Deus criou o projeto do homem e da mulher simultaneamente, ainda no final do Primeiro Capítulo”. Mais adiante, no Êxodo, a palavra hatzela se usa para se referir aos lados da Arca e não caberia a acepção “costela”. Maharaja sugere que casos como esses poderiam, talvez, ter alterado o curso da história.

Ele ressalta que o fato de a Bíblia e outras escrituras terem sido utilizadas como instrumentos da religião levaram a distorções gritantes como a que ocorre com a palavra lmemshelet, que quase sempre foi traduzida como “dominar”, quando significa “governar”. Governar não é dominar, e por isso, o Primeiro Ministro do Estado de Israel nos dias atuais é chamado de Rosh Hamemshala que literalmente significa “cabeça de governo”.

Existência auto-sustentável sem crise

A palavra “dominação” também é usada erroneamente com relação aos cuidados com a flora e fauna do planeta. De acordo com Maharaja, Deus mostra a Adão a existência da Lei de Causa e Efeito, conhecida pelos orientais como Karma e fala em cuidar da Terra e de todos os seres vivos que se movem na face dela, dando a base para o que hoje batizamos de sustentabilidade. No Gênesis há um chamado à consciência, para o ser humano assumir a responsabilidade social, não apenas com os seres humanos, mas também com animais, vegetais, minerais, com o clima, com os mares e com o ar. E ainda, de acordo com ele não existe nada que estimule a matança de animais para a sobrevivência do homem: o livro sagrado menciona somente que os vegetais são para saciar a fome do homem.

Outros assuntos mal interpretados suscitaram problemáticas difíceis até hoje para o ser humano. O Gênesis mostra claramente que o arrependimento é melhor que o sentimento de culpa. “Enquanto o arrependimento nos ajuda a melhorar e crescer, a culpa bloqueia qualquer possibilidade de crescimento. O Próprio Deus mostra arrependimento em vários momentos após a criação do homem, mas nunca o sentimento de culpa”.

Na opinião de Maharaja, é clara a utilização da escritura ao bel prazer daqueles que pretendiam tirar proveitos políticos. O episódio de Abraão, que após resgatar seu sobrinho Lot dos seqüestradores utilizou uma décima parte de suas posses para construir um altar de adoração ao Supremo, foi utilizado por religiosos para instituir o dízimo. Mas ninguém nunca comentou o fato de que o mesmo Abraão ensinou astrologia para Ismael e Isaac. Ou ainda, muitos omitiram o que o celibato é uma prática condenada pela escritura e que o sexo é incentivado como forma divina de manter a vida. Sem qualquer tipo de conotação pejorativa como é comum atualmente, o Gênesis diz que Adam (Adão) “conheceu” Havah (Eva), o que é o mesmo que hoje dizer que Adão “comeu” Eva.

Para Maharaja é extensa a pauta de discussões em torno do Gênesis e bastante oportuna para os dias de hoje. “O que percebemos de uma forma clara no Gênesis é que tudo deve ser feito de forma responsável porque a vida humana nos cobra isso”, observa ele, reforçando que a sua proposta é uma nova maneira de encarar o compromisso de Deus com a humanidade.

Breve perfil

Nascido em Buenos Aires — Argentina, em 22 de agosto de 1954, Nachman Szmulewicz — conhecido posteriormente como Maharaja — estudou Psicologia na Universidade Nacional de Filosofia e Letras de Buenos Aires, e violão erudito no Conservatório Nacional dessa cidade. Viveu como monge na Índia onde se envolveu com a música oriental e se ocupou com obras sócio-culturais, distribuindo alimentos, ministrando palestras e apresentações musicais para crianças carentes. Por essas atividades solidárias, recebeu o título de Maharaja, que em sânscrito significa “grande e bondoso rei”.

Foi na Índia que teve contato com a quirologia, ciência que o fascinou e o levou mais tarde a criar a Psiquirologia junto a cientistas mundialmente reconhecidos, e estabeleceu um link entre a ciência moderna e as técnicas milenares de conhecimento orientais dando um sentido racional e lógico à pratica da leitura de mãos. Da mesma maneira que Carl Jung, Julius Spier, Cesare Lombroso, Juan Vucetich e outros, Maharaja trabalhou com o conceito de que o corpo manifesta situações internas da alma através de códigos.
Enquanto músico e escritor, Maharaja já compôs mais de 2 mil composições e poesias, tendo tocado e gravado com artistas famosos como o ex-Beatle George Harrison, Gilberto Gil e muitos outros. Tem 20 livros escritos, dos quais, 14 já foram publicados. Maharaja representou o Brasil no Prêmio internacional “Otávio Paz” de Literatura no México (2001), elogiado por intelectuais, tanto pelo trabalho literário quanto pela sua forma de se expressar em idioma português.
A primeira edição do livro “Gênesis — Palavra por Palavra” foi publicada pelo Governo da Bahia, está concorrendo ao Premio Jabuti de 2009.

Sobre o evento

Gênesis, Palavra por Palavra (Ed. Maharaja, 267 págs., R$ 60,00) será lançado no próximo dia 01 de julho a partir das 19 horas na Livrarias Catarinense em Florianópolis, Rua Bocaiúva, nº 2468, piso Joaquina, em Florianópolis. A entrada é gratuita. Mais informações: (48) 3271.6001.