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MASC recebe de julho a setembro exposição Hugo Mund Júnior Obra Gráfica

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MASC recebe de julho a setembro exposição Hugo Mund Júnior Obra Gráfica

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Exposição no MASC recupera o legado do artista catarinense e apresenta obras de 45 anos de sua produção

De 12 de julho a 18 de setembro, o Museu de Arte de Santa Catarina (MASC) recebe a exposição Hugo Mund Júnior: Obra Gráfica, com pesquisa e curadoria de Sebastião G. Branco sobre o trabalho gráfico do artista, poeta, editor, desenhista, gravador e professor nascido em Mafra/SC, em 1933. A abertura será em 12 de julho, às 19 horas.

O projeto da Ombu produção apresenta um recorte da trajetória de uma vida toda dedicada à arte, com mais de 80 trabalhos em três eixos da produção de Hugo Mund: ilustrações, edições e poemas visuais. Complementam a exposição um catálogo, aulas públicas, oficina e ações educativas. Aos 89 anos, Hugo Mund vive em Brasília e não exerce mais atividade artística. Projeto selecionado pelo Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura – edição 2019, executado com recursos do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura.

O projeto é resultado de três anos de pesquisa e da dissertação de mestrado do curador Sebastião Gaudêncio Branco, que identificou 120 trabalhos e registros em acervos públicos e privados, sendo que parte destes estarão na mostra, e toda a obra foi detalhada em uma cronologia inédita da vida do artista.

Pioneiro das artes gráficas em Santa Catarina, precursor na história do design gráfico e na poesia visual em âmbito nacional, Hugo foi um dos mais jovens colaboradores do Grupo Sul e participante de Bienais e circuitos internacionais de arte postal. É o artista com o maior número de obras no acervo do MASC, foi professor da Universidade de Brasília e membro de círculos artísticos em Florianópolis, Rio de Janeiro e Brasília. Mesmo com essa trajetória, há poucos estudos sobre ele e referências na História da Arte catarinense, que não permitem uma visão total de sua marca como artista. Apesar da relevância de sua produção, permanece relativamente anônimo, com toda sua obra no MASC, em bibliotecas, universidades públicas e coleções privadas.

Foram identificadas apenas duas entrevistas publicadas. Como artista, não sofreu pressão do mercado, atuando sempre em universidades e espaços públicos. A exposição retoma seu legado e possibilita conhecer quem ele é, que circuitos frequentou e como sua produção evidencia sua poética que une forma, palavra e cor.

A produção da exposição contou com informações de seu irmão Clive Mund e de entrevistas gravadas com Fábio Brüggemann, Jayro Schmidt, Onor Filomeno, Silveira de Souza, Tércio da Gama e Ylmar Corrêa, além da visita e apoio dos acervos do Espaço Salim Eglê (FAED), Fundação Hassis, Instituto Meyer Filho, Biblioteca Pública, Biblioteca Nacional, Biblioteca da UnB e Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. 

Serão apresentadas 84 obras no total. O catálogo e o material didático conversam com a obra “Matriz para um poema”, da publicação “Germens”, de 1977. Nas ações educativas, um jornal impresso se transformará num plano de aula para professores. Além das visitas conduzidas pelo setor educativo do museu, a equipe da exposição irá gravar um vídeo de instrução a professores que será encaminhado para a rede pública e ficará disponível no site da Ombu produção. Todo o material educativo será compilado num site.

Trajetória

Filho de Elita Coirolo, uruguaia e Hugo Mund, alemão, chegou em Florianópolis em 1944. Estudou no Colégio Catarinense até 1951. Com apenas 15 anos, em 1949, publica em jornal os primeiros desenhos, uma peça de teatro e contos. Mais tarde funda com Silveira de Souza o Jornal Oásis, de literatura e arte, que teve seis exemplares. Aos 17 anos, Hugo Mund Jr. passa a integrar o Grupo Sul, movimento modernista em Santa Catarina na década de 1950, como ilustrador da Revista Sul e depois redator. Já na época a revista contava com distribuição internacional e dialogava com escritores e artistas do Brasil e do mundo.

O Círculo de Arte Moderna (CAM) era sua principal referência, além de vasto repertório de leitura na infância e juventude. Em 1953 inicia estudos de pintura na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, onde foi aluno de Oswaldo Goeldi em gravura e Henrique Cavalleiro em pintura. Participa da 1ª Bienal do México e da 5ª Bienal de São Paulo. Foi fundador do Grupo de Artistas Plásticos de Florianópolis (GAPF) e criou a editora Edições do Livro de Arte com Silveira de Souza. Em 1963 passa a atuar como professor de Desenho de Observação e Xilogravura da UnB e dez anos depois coordena o centro de criatividade da Fundação Cultural de Brasília.

Na década de 1970 colabora com o grupo Poema/Processo e atua como diagramador da revista Cultura e como assessor da Diretoria de Documentação e Divulgação do Ministério da Educação. Em 1985 publica como poeta diversos livros e em 1988 reestrutura as oficinas de arte do Centro Integrado de Cultura (CIC) nos módulos de Cor, Volume e Linha. Ingressa na Academia Catarinense de Letras com Silveira de Souza. O encerramento de sua trajetória artística se dá em 2008, com a doação de desenhos ao acervo do MASC, quando passa a ser o artista com mais obras na instituição.

Sua obra e memória são preservadas graças aos esforços do MASC, Museu Nacional de Brasília (MNU), Museu de Arte de Brasília (MAB), Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade de Brasília (UnB), Universidade de São Paulo (USP), Biblioteca Nacional (BN), Editora Noa Noa e Academia Catarinense de Letras (ACL).

Eixo ilustração

A exposição inicia com 40 obras e registros, entre gravuras, desenhos a nanquim seco e aguado, e ilustrações para revistas e jornais.  Este momento do artista revela um traçado nervoso, hachurado, fluido e também preciso, com uso de régua mas com predomínio da mão livre. A figuração domina com formas humanas e elementos da natureza. Aparenta derivar de desenhos de observação e também de figuras a partir de literatura ou memória.

Eixo poesia visual

Engloba cinco publicações em formato livro: Gráficos (1968), Palavras que não são palavras (1969), Germens (1977), Palavra e cor (1988) e Poema Selo (inédito); publicação Processo, organizada por Neide Sá e Lara Lemos (1969). Este eixo apresenta renovação da produção do artista e expõe a ideia de gráfico, projeto e texto desvencilhados da escrita literária. Trabalha com formas geométricas e orgânicas, fotos, recortes, colagens e caminha do gráfico traçado do desenho para a massa cheia de cor. Abandona parcialmente a estrutura de livro convencional e busca uma apreensão universal de estruturas que comunicam algo. Revela precisão, objetividade, racionalidade.


Eixo edição

Este último eixo diferencia-se dos anteriores pois o artista trabalha com questões tanto de concepção, diagramação, impressão, encadernação, assinatura e numeração quanto se envolve com lançamentos e distribuição. Em síntese este eixo mostra um artista que faz livros. Há aqui as seis edições do Jornal Oásis (1949-1951) e a editora Edições do Livro de Arte idealizada pelo artista e criada com Silveira de Souza, que resultou em três livros: Sonetos da noite (1958), de Cruz e Sousa, O Vigia e a Cidade (1960), de Silveira de Souza e País de Rosamor (1962), de Maura de Senna Pereira (1962). Remete à relação do artista com texto e imagem e também à distribuição da informação sobre a forma de jornal e livro/álbum.

Sobre o curador

Sebastião G. Branco (Lages/SC) vive em Palhoça/SC, é artista visual, professor e produtor. É mestre em Artes Visuais (UDESC/2019) e artista residente na Oficina de Gravura da FCC (2014/2020). Realizou três exposições individuais e participa de coletivas desde 2012. Publicou textos sobre Julia Iguti, Hugo Mund, Rubens Oestroem, Carlos Asp, Cristian Segura e outros. Realiza pesquisas com ênfase em arquivo de artistas catarinenses, vanguardas modernistas e arte contemporânea. Faz produção cultural, escrita de projeto e consultoria para artistas das artes visuais, música, dança e literatura. Atualmente é professor no Ensino de Jovens e Adultos em Palhoça/SC.

ficha técnica

curadoria: Sebastião G. Branco

produção geral: Gabi Bresola / Ombu produção
produção: Anna Moraes e Leila Pessoa
projeto expográfico: Gabriel Villas
design gráfico: Tina Merz

montador: Reno Caramori Filho
assessoria de comunicação: Barbara Pettres
educativo: Rafaela Maria Martins

marcenaria: Venilton Pinho

apoio: flamboiã – feira de publicações de artista

Serviço

HUGO MUND JR.: OBRA GRÁFICA

Data: Abertura, 12 de julho, 19h.

De 12 de julho a 18 de setembro

Local: Sala 1 do Museu de Arte de Santa Catarina
Centro Integrado de Cultura (CIC), Av. Gov. Irineu Bornhausen, 5600, Agronômica, Florianópolis.

Visitação: terça a domingo, das 10 às 21 horas.

Entrada gratuita. Classificação livre.

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