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quarta-feira, abril 24, 2024
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Perfil demarca situação de rua em Florianópolis

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Perfil demarca situação de rua em Florianópolis

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Cadastramento ajuda a equipe de abordagem de rua a identificar e se aproximar dos casos

O cadastramento facilita a identificação dos casos para que sejam encaminhados aos órgãos competentes

“Na rua a gente não tem ninguém. Os amigos que eu tinha, sumiram. Um eu vi morrer. Não quero mais essa vida”, lamenta Carlos que vivia nas ruas de Florianópolis desde janeiro deste ano.

O homem de 48 anos, viciado em drogas, se alimentava de sobras de comida recebidas de restaurantes. Com a da ajuda das assistentes sociais, Carlos embarcou para Curitiba, sua cidade de origem, no início de abril.

As pessoas que vivem em situação de rua, geralmente, são encontradas em bancos de praças, dormindo nas calçadas, vagando pelas ruas.

Na maioria das vezes, nem são percebidas pelas outras pessoas que passam diariamente por elas. Mas os educadores sociais da Equipe de Abordagem de Rua os conhecem.

Um perfil, demarcando os locais onde são encontrados, as características, os possíveis transtornos ou vícios, é mantido pela SEMAS, já que a maioria dos atendidos volta para as ruas.

Por esse perfil, os educadores têm mais facilidade para identificar o tipo de ajuda que cada um necessita e, assim, realiza os encaminhamentos para os órgãos competentes.

Os homens representam 89% das pessoas em situação de rua, e 40% deles, são jovens, entre 18 e 29 anos.

O maior desafio, de acordo com os educadores sociais, é a aceitação, apenas 39% das pessoas na rua querem receber a ajuda que é oferecida. Os que preferem permanecer ali têm como principal causa a dependência química: 67% deles têm algum tipo de vício. Mais da metade apresenta dependência cruzada – quando se trata de mais de uma droga, inclusive álcool.

Das 126 pessoas que integravam a população de rua de Florianópolis, em março, 66 são daqui, 58 vieram de outros estados e dois de outros países. Entre os catarinenses, a maioria vem das cidades vizinhas: São José, Palhoça e Biguaçu. As cidades do interior, Lages, Jaraguá do Sul e Tubarão estão entre as com maior incidência de pessoas em situação de rua na capital. Dos outros estados, os que mais têm migrantes na capital são: Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais.

Os assistentes sociais orientam os moradores de rua sobre a possibilidade de utilizar o NAF – Rodoviário, que viabiliza as passagens, como no caso de Carlos. Mas são eles que decidem se querem voltar ou não.

A coordenadora do NAF, Carla Hygidio, explica que a decisão de ir embora, geralmente é impulsiva: “Eles chegam e querem embarcar na hora. Se não tiver ônibus, no momento, podem mudar de ideia e não querer ir mais. Por isso, providenciamos o embarque o mais rápido possível para que eles retornem às famílias”.

Com o retorno a Curitiba, Carlos espera ter uma vida melhor perto dos amigos: “Hoje eu não usei nenhuma droga. Não quero mais viver assim. Daqui a cinco anos, imagino estar bem, com alguém para me cuidar, um emprego. Quero uma vida de verdade’, acredita Carlos.

As pessoas que vivem nas ruas já perderam praticamente todos os vínculos: no trabalho, na família e na sua comunidade. Estão sozinhos. O objetivo da rede municipal de atendimento às pessoas em situação de rua é tentar reaproximá-los das famílias para que possam recomeçar em uma vida melhor.

(Texto: Cibelly Favero e Joana Neitsch)

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