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quinta-feira, março 28, 2024
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Voluntários ajudam a implantar horta modelo no Jardim Botânico em Florianópolis

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Voluntários ajudam a implantar horta modelo no Jardim Botânico em Florianópolis

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Apesar do tempo instável, 167 pessoas estiveram no parque do Jardim Botânico, na manhã de sábado, 20, para ajudar a implantar a horta modelo para o sistema de agricultura urbana de Florianópolis. “Estamos implantando uma horta com a participação comunitária e no modelo sintrópico, que consorcia hortaliças e árvores. É o primeiro movimento para que os moradores se apropriem do parque que no futuro será o Jardim Botânico”, disse o presidente da Companhia Melhoramentos da Capital, Marius Bagnati.

O parque será aberto para visitação em 24 de setembro, primeiro sábado de primavera, em condições de conforto e segurança, garantiu Bagnati. Zenório Piana é membro da Comissão Pró-criação do Jardim Botânico de Florianópolis e mantém o grupo Amigos do Jardim Botânico no Facebook.  Lembrou que a luta para salvar o espaço da especulação imobiliária tem mais de 30 anos e, felizmente, desde que a Epagri e a Prefeitura de Florianópolis assinaram termo de cooperação, em 18 de julho, as coisas têm andado rapidamente.

“Temos visto melhorias extraordinárias. O parque que futuramente será o Jardim Botânico está ficando superbonito, parabenizamos o presidente da Comcap pela sua capacidade de gestão e empenho”, disse.  A área de 19 hectares abrigou o centro de treinamento da antiga Acaresc e Epagri. “Aqui está o berço do conhecimento da agricultura de Santa Catarina, onde os extensionistas foram preparados para ajudar os agricultores catarinenses a construir uma economia pujante.”  

A Comcap é gestora do parque há pouco mais de um mês. Com a colaboração de técnicos da Epagri, Floram, IPUF, Guarda Municipal, e das Secretarias Municipais de Obras, Turismo e Segurança, com o apoio do grupo Amigos do Jardim Botânico e doações de empresários, o parque vai abrir no primeiro sábado de primavera. Até lá o espaço contará, além do parquinho infantil e da horta, com pista de caminhada, sistema de iluminação e infraestrutura de drenagem, área ao ar livre para uso múltiplo e coletivo, redário, espaço para oficinais de reaproveitamento de materiais e espaço para algumas práticas desportivas.

Horta verdinha

Com o trabalho de famílias inteiras de moradores do entorno, de estudantes da UFSC, de servidores públicos, aposentados da Epagri e de agricultores da Ilha de Santa Catarina, foram plantadas cinco mil mudas em dez canteiros, numa área de 180 metros quadrados. “A horta vai estar verdinha na abertura do parque”, prometeu o estudante de Agronomia da UFSC, estagiário do Sítio Florbela, Gustavo Tramontin Ronsani.

“Com muita gente vai rápido: todo mundo se diverte e ninguém passa trabalho”, resumiu antes que o mutirão completasse cinco horas. Antes do início das práticas de preparação do solo e plantio, ele compartilhou os conceitos da agricultura sintrópica.

A arquivista da UFSC e aromaterapeuta Aline Cardoso Pereira Farias chegou logo cedo, às 8 horas, com a filha Cecília. “Costumo levá-la em eventos para que cresça com essas memórias de momentos coletivos, de ajudar as pessoas e participar de atividades comuns que podem ajudar a cidade.” A abertura do parque é um sonho da família, disse Aline, enquanto Cecília se preparava, com botas e pazinha, para ajudar a plantar tomates, “como na horta do Vovô Pig”, o avô porquinho da personagem Peppa.

Da horta à floresta

Os sistemas agroflorestais são muito vantajosos, explicou o proprietário do Sítio Florbela, Sérgio Machado Araújo, porque proprocionam saúde e abundância. “Podemos sonhar em ter uma floresta comestível aqui no parque, nos moldes da agricultura sintrópica de Ernst Götsch, que é nosso guru. Seria um projeto pioneiro, não há isso em nenhuma área urbana do Brasil”, observou Serginho, que produz orgânicos com certificação no Sertão do Peri. Nessa horta, indicou, foram plantadas verduras que estarão prontas em 45 dias e árvores que vão estar grandes em 20 anos e até lá vão recuperar o solo através da poda.

O ambientalista Alesio Dos Passos Santos arrumou jeito de comparecer ao mutirão. “As crianças vão dizer que isso aqui está tão bom que tem até duende”, brincou sobre a barba longa e branca. “Em meio a essa massa de concreto, essa é uma sementinha superimportante para o futuro da cidade”, disse. Saúde, hoje, ensinou o colecionador e cultivador de plantas medicinais, é estilo de vida e o parque vai melhorar o estilo de vida de quem mora em volta e de toda a cidade.

Ele tem vontade de montar no parque um relógio do corpo humano, uma horta de plantas medicinais sob conceito da medicina chinesa, e também mandalas de plantas.  “A comunidade está feliz e num parque como esse temos de trabalhar os cinco sentidos, cheirar, mascar, comer, sentir, não é como num supermercado onde tudo está pronto”, comentou.

Mão na terra

Artur Dolzan Moritz, 12 anos, mora perto e chegou ao parque a pé com o pai e o irmão para ajudar no mutirão. Aproveitou a prática adquirida no sítio da família em Canasvieiras para plantar couve-flor, algumas árvores e outras hortaliças. “Vim para ajudar e semana que vem talvez volte para dar uma olhada, é legal poder mexer na terra.“

Para o acadêmico de Agronomia na UFSC Juarez Simonetti fez toda diferença a horta ser no sistema de sintropia. “É esse ensinamento máximo de plantar uma rúcula e colher uma fruta”, citou. “Tivemos a chance de colocar essa sementinha na terra, no início do Jardim Botânico, fiquei pensando no dia em que virão os filhos, a criançada toda.”

Rosane Braga ensinou o neto Artur, que aos seis anos é fã de brócolis, alface, cenoura e tomate, de onde vem a saúde.  “Se não dermos o exemplo, se não pusermos a mão na massa, faltará às crianças o entendimento que a terra é que produz. Vão achar que vem tudo pronto do supermercado.” Feliz com o que conseguiu passar ao filho e este ao neto, aproveitou para explicar que tem de plantar com amor para que muda floresça.

O avô Hugo Braga, aliás, foi quem em 1986, quando o Centro de Treinamento da Epagri perdeu a condição de manter as criações de suínos e aves, propôs a criação de um Jardim Botânico. “Tínhamos de encontrar uma solução para evitar a perda da área  para a construção civil. Foram 20 anos de discussões e brigas porque é uma área nobre na Bacia do Itacorubi mas deve ser preservada para as gerações que estão chegando”.

O primeiro mutirão no parque do Jardim Botânico reuniu 167 voluntários com a seguinte procedência:

117 moradores do Itacorubi

13 do Santa Mônica e Parque São Jorge

10 do Centro, Prainha e José Mendes, Saco dos Limões, Pantanal e Carvoeira

7 da Lagoa da Conceição

5 da Trindade e Agronômica

5 do Estreito e Coqueiros

3 Sul da Ilha

3 do João Paulo e Saco Grande

2 de Biguaçu

2 do Balneário Daniela.

 

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