Uma pedra no meio do caminho pode parecer um obst\u00e1culo intranspon\u00edvel ao sonho de muitas pessoas. Mas, para o artista pl\u00e1stico Henrique Schucman e o escultor Marcos Pagani, o mineral \u00e9 fonte de inspira\u00e7\u00e3o e mat\u00e9ria-prima essencial que se transforma em arte. A dupla lan\u00e7a a exposi\u00e7\u00e3o \u201cPedras Fiadas\u201d, com tape\u00e7arias inspiradas em imagens rupestres encontradas na costa catarinense e esculturas feitas com pedras da Gamboa, regi\u00e3o de Garopaba. A mostra abre nesta ter\u00e7a-feira (08\/12), \u00e0s 19h, no Centro Cultural Bento Silv\u00e9rio – Casar\u00e3o da Lagoa, unidade da Funda\u00e7\u00e3o Cultural de Florian\u00f3polis Franklin Cascaes (FCFFC) na Lagoa da Concei\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
Com visita\u00e7\u00e3o p\u00fablica at\u00e9 dia 04 de janeiro de 2010, das 8h \u00e0s 19h, a exposi\u00e7\u00e3o contempla sete trabalhos em tape\u00e7aria e sete esculturas. As pe\u00e7as podem ser adquiridas a pre\u00e7os que variam de R$ 500 a R$ 30 mil, dependendo da t\u00e9cnica utilizada e do tempo de produ\u00e7\u00e3o, que em alguns casos chega a 14 meses. Essa \u00e9 a primeira vez que os artistas realizam um trabalho em conjunto com essa tem\u00e1tica.<\/p>\n
Pedras decorativas<\/strong><\/p>\n As pedras que uniram o tapeceiro e o escultor podem pavimentar um caminho de sucesso para a dupla, que j\u00e1 pensa em trabalhar sob encomenda agregando a arte a projetos paisag\u00edsticos e de decora\u00e7\u00e3o de ambientes, logo ap\u00f3s o encerramento da exposi\u00e7\u00e3o. O projeto come\u00e7a a ganhar forma nos jardins da propriedade de Schucman, na Praia da Gamboa, numa \u00e1rea de 10 mil metros quadrados, onde o artista mant\u00e9m uma pousada, um ateli\u00ea e uma galeria de artes. \u201cA id\u00e9ia \u00e9 transformar os jardins da pousada num museu de arte ao ar livre para que as pessoas possam apreciar as obras e contemplar a natureza. Poderemos atender clientes por encomenda, conforme as caracter\u00edsticas do local desejado\u201d, diz o propriet\u00e1rio do Pouso do Tapeceiro.<\/p>\n Na regi\u00e3o paradis\u00edaca, a cerca de 70 quil\u00f4metros de Florian\u00f3polis, Shucman e Pagani encontram n\u00e3o s\u00f3 a inspira\u00e7\u00e3o e a tranq\u00fcilidade que precisam para o trabalho, como tamb\u00e9m as mat\u00e9rias-primas que utilizam nas cria\u00e7\u00f5es. As tape\u00e7arias s\u00e3o feitas em tear de alto li\u00e7o, elaboradas a partir de materiais retirados das areias das praias locais. Redes de pesca, cordas e cabos de \u00e2ncora, restos de tecidos e fios abandonados, ou at\u00e9 assentos de cadeiras, depois de desfiados, d\u00e3o vida a telas originais que unem beleza e criatividade em diferentes texturas, cores e t\u00e9cnicas. Do terreno da pousada tamb\u00e9m saem as pedras, que s\u00e3o lapidadas e d\u00e3o vida \u00e0s esculturas.<\/p>\n Henrique Schucman<\/strong><\/p>\n Nascido em Erechim (RS), Henrique Schucman \u00e9 formado em Engenharia El\u00e9trica com p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o em Engenharia Nuclear e Ambiental, pela Escola Polit\u00e9cnica da USP. \u00c9 artista pl\u00e1stico reconhecido internacionalmente, em especial pelo trabalho que realiza na \u00e1rea de artes t\u00eaxteis e pintura. \u00c9 tamb\u00e9m designer t\u00eaxtil e professor de t\u00e9cnicas t\u00eaxteis.<\/p>\n Parte da experi\u00eancia profissional adquiriu na \u00cdndia, onde passou um ano no Ashram de Sri Aurobindo, em Pondicherry, estudando e estagiando em diversos ateli\u00eas de cer\u00e2mica, batik e tape\u00e7aria. Freq\u00fcentou tamb\u00e9m a manufatura de tapetes de refugiados tibetanos, executados em teares manuais. Ao voltar para o Brasil, tornou-se disc\u00edpulo do mestre tapeceiro uruguaio Ernesto Aroztegui, com quem conviveu por oito anos.<\/p>\n Schucman fundou o ateli\u00ea Casa 11, em S\u00e3o Paulo, onde ministrou cursos de tear e tamb\u00e9m desenvolveu modelos de tecido artesanal que foram apresentados no Brasil Moda Arte, projeto do Minist\u00e9rio do Trabalho com a Associa\u00e7\u00e3o Brasileira dos Estilistas de Moda (ABEMODA). Organizou e ministrou diversos cursos no Brasil e no exterior, e representou o pa\u00eds na 9th International Triennale of Tapestry, em Lodz, na Pol\u00f4nia. Atualmente administra o Pouso do Tapeceiro, na praia da Gamboa, em Santa Catarina, onde mant\u00e9m um ateli\u00ea de trabalho, paralelamente \u00e0s atividades tur\u00edsticas.<\/p>\n Marcos Pagani<\/strong><\/p>\n Formado em Engenharia Agron\u00f4mica pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Marcos Rog\u00e9rio Pagani tem p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o em Administra\u00e7\u00e3o e tamb\u00e9m em Agricultura Biodin\u00e2mica. \u00c9 escultor formado no Emerson College, na Inglaterra, com participa\u00e7\u00e3o em v\u00e1rias exposi\u00e7\u00f5es coletivas na Inglaterra, Fran\u00e7a, Noruega, It\u00e1lia, e uma exposi\u00e7\u00e3o individual na Su\u00ed\u00e7a. Ganhou ainda medalha de ouro com escultura exposta em Curitiba, no Sal\u00e3o de Artes da Antiga e M\u00edstica Ordem Rosae Crucis (AMORC).<\/p>\n A paix\u00e3o pelas pedras come\u00e7ou em 2002, quando veio morar em Florian\u00f3polis. Nas constantes caminhadas, deparou-se com as artes e as pedras dos cost\u00f5es, conectando-as com a multiplicidade de manifesta\u00e7\u00f5es art\u00edsticas da ilha \u2013 pegadas que foi seguindo at\u00e9 a Inglaterra, onde cursou escultura por tr\u00eas anos. No meio desse caminho profissional foram surgindo pedras do Sul da Noruega, onde trabalhou diversas vezes, esculpindo o granito denominado \u201clarvikite\u201d.<\/p>\n Seguindo os passos de escultores italianos, Pagani realizou trabalhos em m\u00e1rmore estatu\u00e1rio do Monte Alt\u00edssimo, nos arredores de Pietra Santa, na It\u00e1lia, trilha que o levou \u00e0 Fran\u00e7a, onde mora e trabalha h\u00e1 dois anos como escultor e pintor. As pedras da Gamboa-SC, s\u00e3o a mais recente descoberta e a atividade que pode traz\u00ea-lo de volta ao Brasil.<\/p>\n
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