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sexta-feira, abril 19, 2024
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Memória de Florianópolis

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Memória de Florianópolis

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Quem tiver interesse em saber como era Florianópolis há mais de cem anos pode visitar a feirinha em frente à Catedral Metropolitana, que ocorre às quartas e sextas-feiras. Trazer lembranças à tona para quem tem saudade e possibilitar que os mais jovens conheçam a cidade de antigamente foi o objetivo do casal de músicos Janára e Marcelo Figueira, ao resgatar fotos de família e colocá-las à venda.

Ao herdar um acervo com 600 fotos de diferentes lugares e pessoas da Ilha, Marcelo dedicou-se a restaurar as castigadas pelo tempo e a reproduzir todas as imagens. O bisavô e o avô eram fotógrafos amadores. A paixão pelas imagens, registradas em uma época em que câmera digital não existia nem em pensamento, os fez guardarem as fotos, até então sob tutela do pai de Marcelo.

– Algumas possuem, inclusive, o registro de data e local. Para identificar outras, precisei pesquisar em bibliotecas e consultar historiadores – conta.

Tanto trabalho não foi à toa. Apaixonados pela Ilha e pelas artes, eles também vendem dois DVDs, cada um com 200 fotos da Capital, que datam de 1900 a 1980.

Para emoldurar e pendurar na parede de casa, as imagens mais requisitadas são as tradicionais. Mercado Público, Ponte Hercílio Luz, Miramar e Catedral são as campeãs de venda. As raridades, incluindo-se aí uma foto em que aparece a Ilha do Carvão, que não existe mais, e a de um cemitério que era localizado no Parque da Luz, são menos disputadas, embora tão curiosas quanto.

– Tudo isso eu peguei – diz uma senhora, que passa e aponta para duas fotos entre as tantas expostas na feira.

Ninguém duvida que as imagens penduradas chamam a atenção de quem passa. O que poucos sabem é que, mais do que fazer lembrar e apreciar, as fotos também instigam os clientes a contarem casos e causos, como o do menino que deixava baldes com água em locais estratégicos da Ponte Hercílio Luz para apagar o incêndio provocado pelas xepas de cigarro ao caírem nas fezes dos cavalos que passavam pelo local.

Verdade ou mentira? Marcelo e Janára não arriscam um palpite, mas estão certos de que, assim como a barraca em que comercializam lembranças faz rir, pode fazer chorar:

– É curioso saber, por exemplo, que um cliente reuniu a família para assistir ao DVD e viu que o pai e a vó esforçaram-se para conter as lágrimas.

Por MARIANA ORTIGA – mariana.ortiga@diario.com.br

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