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Sesc Prainha recebe espetáculo teatral gratuito nesta sexta-feira

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Sesc Prainha recebe espetáculo teatral gratuito nesta sexta-feira

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Comemorando seus 15 anos, o grupo catarinense de palhaços encena novo espetáculo sob direção do espanhol Iván Prado, da rede internacional de circo social Pallasos en Rebeldía. A criação parte de vivências do grupo em ações em aldeias indígenas e comunidades periféricas no Brasil, intervenções na Colômbia, Espanha e Cisjordânia e contará com a participação do grupo indígena Kariri Xocó.

A peça "Provisoriamente não cantaremos o amor” estreia em Florianópolis nesta sexta-feira, 9. O espetáculo tem apresentações gratuitas no Sesc Prainha, de 9 a 11 de setembro, sempre às 20h, com a participação especial, em cena, do grupo indígena Kariri Xocó de Alagoas. As sessões serão seguidas de uma roda de conversa para falar da retomada de suas terras e do Festiclown pela Terra, festival realizado pela Traço Cia. e Pallasos en Rebeldía, que circulou em julho e agosto por povos indígenas em conflito latente por Terra. A semana de estreia traz ainda uma programação integrada de vivências da cultura Kariri Xocó, cuja renda será toda revertida para a aldeia.

 

O que acontece se, de repente, o público se torna protagonista? Então, o fogo da cerimônia é aceso, a luz em nosso peito é acesa e o mundo volta a girar. Onde a cachaça acende a festa, a maraca chama o espírito e o riso convoca o presente, aqui e agora, os palhaços fazem uma festa, a dança da vida. Essas são as provocações trazidas em Provisoriamente não cantaremos o amor

O espetáculo emerge de uma pesquisa de quatro anos sobre a potência de ação do Palhaço em diferentes contextos. Esta inquietação é resultado da prática de trabalho da Traço Cia. de Teatro e lugar de ação dos Pallasos en Rebeldía, uma organização internacional que promove ações artísticas junto a povos desprovidos de direitos básicos pelo mundo. O porta-voz desta organização, Iván Prado, assume a direção, e ressalta a importância deste trabalho no atual momento sociopolítico do país.

“Hoje no Brasil de fato há vários simulacros: simulacro de democracia, de justiça e de progresso. É mais necessário que nunca combater com alegria e riso este sistema global de terror que impera impunemente. Provisoriamente é um canto de liberdade, uma cerimônia contra a escuridão que enegrece nossos corações, uma festa de esperança que traz a chuva colorida, um ritual de três palhaços para exorcizar o medo, verdadeiro antagonista do amor. O espetáculo vai cantar a vida, e a utopia, para que nunca mais nos roubem nossos sonhos, para que nunca morra a flor da palavra, para que sempre viva o teatro, que move a terra em direção a um mundo onde caibam todos os mundos. Somos humanidade que bilha e ri”, conclui Iván.

Sobre a montagem

Os temas abordados (medo, ritos de passagem e necessidade de mudança) foram levantados a partir de inquietações pessoais suscitadas pelas experiências do grupo junto ao Pallasos en Rebeldía – ações em aldeias indígenas e comunidades periféricas no Brasil, intervenções na Colômbia, Espanha e Cisjordânia. “O título Provisoriamente não cantaremos o amor é inspirado num verso do poema Congresso Internacional do Medo, de Carlos Drummond de Andrade, que serviu de material de pesquisa para a montagem. Neste poema, Drummond fala de como o medo dominou e paralisou a população. No espetáculo, também partimos de uma situação em que o mundo parou e vamos fazer com que as pessoas voltem para ele, para que ele possa se mover novamente”, explica Greice Miotello, da Traço Cia.

A montagem propõe uma relação de cumplicidade bastante direta com o espectador. O espaço cênico e suas adjacências são desvelados. O espectador é convidado a deslocar-se por diferentes ambientes, preparando-se para o "lugar do encontro", do ritual. As figuras dos palhaços também são introduzidas uma a uma, de modo a aproximar espectadores e atores e promover um encontro que permita o cumprimento e o "olho no olho". Ao longo do trabalho, os espectadores são instigados a agir, se movimentar, falar e interagir como participantes da obra. “Em cena, fazemos um grande ritual ao redor de uma fogueira, para que o público participe conosco e todos se sintam preparados para voltar para o mundo. Nas ações com o Pallasos em Rebeldía, participamos de vários rituais nas comunidades por onde passamos, e percebemos o potencial agregador do elemento do fogo e da fogueira, por isso decidimos trazer isso para a cena”, complementa Greice.

Sobre a Traço Cia. de Teatro

A Traço Cia. de Teatro foi criada em agosto de 2001, em Florianópolis/SC. Em sua trajetória artística a Companhia desenvolve pesquisas teóricas e práticas referentes à técnica do Palhaço. Esta linguagem configura-se como principal recurso pedagógico de formação, treinamento e criação. Assim, a Traço desenvolve uma linguagem própria, pautada no encontro entre atores e espectadores, na busca de estabelecer uma relação livre, direta e potencialmente transformadora. Parceira da Associação Cultural e de Cooperação Internacional Pallasos en Rebeldía, foi representada em eventos humanitários e fóruns sobre Circo Social na Espanha, no Brasil, na Cisjordânia e na Colômbia. Em seu repertório, estão os espetáculos Fulaninha e Dona Coisa, As Três Irmãs, Estardalhaço, Palhaçada a la Carte, Provisoriamente não cantaremos o amor, Aurora e O Abismo. Com os espetáculos As Três Irmãs e Estardalhaço, participaram do festival Palco Giratório do SESC em 2015. Coordenam a Mostra Traço de Bolso, que leva espetáculos de Palhaçaria e do Teatro Cômico a comunidades da Ilha de Santa Catarina desde 2009, e o projeto (A)Gentes do Riso, coletivo de palhaços doutores que atuam em centros de saúde de Florianópolis.

 Provisoriamente não cantaremos o amor – Traço Cia. de Teatro / Pallasos em Rebeldía

Sinopse: O que acontece quando três sacerdotes do riso, três xamãs da bobagem, três ofertantes do coração se juntam para fazer o mundo girar? O que acontece quando três camicazes do amor saltam do abismo para cair fora dele e plantar a possibilidade de enterrar aquilo? Aquilo que para o mundo, aquilo que para os corações, aquilo que para a alegria e a vontade de ser feliz. O que acontece se, de repente, o público se torna protagonista? Então, o fogo da cerimônia é aceso, a luz em nosso peito é acesa e o mundo volta a girar. Onde a cachaça acende a festa, a maraca chama o espírito e o riso convoca o presente, aqui e agora, os palhaços fazem uma festa, a dança da vida.

Equipe: Iván Prado, Débora de Matos, Egon Seidler, Greice Miotello, Ana Pi, Gabriela Leite, Zilá Muniz, Diogo Andrade, Ligia Azevedo, Dodô Giovanetti, Duran Sodré, Leticia Kapper e Elenice do Nasciemnto

Classificação: 14 anos

Duração: 1h20 min

Datas: De 9 a 11/9, sexta a domingo, às 20h

Local: Sesc Prainha – Tv. Siríaco Atherino, 100 – Centro, Florianópolis – SC

Programação integrada de estreia

 09/Setembro

20hs – Espetáculo Provisoriamente Não Cantaremos o Amor*, seguido de roda de conversa Retomada Terras Kariri Xocó e Festiclown pela Terra com Grupo Sabuká e Pallasos en Rebeldia

Sesc Prainha

10/Setembro

14hs às 17hs – Rodas de Torés (cantos e danças indígenas)

Escola Livre de Música – Campeche

Rua Huberto Rohden, 274 – lado Pequeno Príncipe

20hs – Espetáculo Provisoriamente Não Cantaremos o Amor*, seguido de roda de conversa Retomada Terras Kariri Xocó e Festiclown pela Terra com Grupo Sabuká e Pallasos en Rebeldia

Sesc Prainha

22hs – Noite de Pajelança com Danças de Torés e Rojões (cantos e danças indígenas)

Rua Campo da Lagoa, última casa e no mapa uma transversal da Rua Vereador Osni Ortiga no Porto da Lagoa Conceição

11/Setembro

14hs às 17hs – Rodas de Rojão – Cantos de Trabalho

Escola Livre de Música- Campeche

Rua Huberto Rohden, 274 – lado Pequeno Princípe

20hs – Espetáculo Provisoriamente Não Cantaremos o Amor*, seguido de roda de conversa Retomada Terras Kariri Xocó e Festiclown pela Terra com Grupo Sabuká e Pallasos en Rebeldia

Sesc Prainha

*Os ingressos do Espetáculo são gratuitos e devem ser retirados no Sesc Prainha.

Mais informações:

tracoteatro.blogspot.com.br

facebook.com/tracoteatro

Kariri-xocó – Informações

Localizados na região do baixo São Francisco, entre as cidades de Porto Real do Colégio (AL) e Propriá (SE), os Kariri-Xocó tem suas terras já declaradas pela FUNAI como área indígena e demarcadas fisicamente desde 1993, mas seguem em luta contra posseiros e fazendeiros que ocupam ilegalmente o território. Dos 4.700 hectares demarcados, apenas cerca de 700 estão regularizados.

Aguardando desde outubro de 2014 a tramitação na justiça de um recurso contra uma liminar de reintegração de posse que favorece os fazendeiros, os Kariri-Xocó estão mobilizados em diversas ações para pressionar a Funai e a Justiça Federal para o cumprimento da demarcação, bem como para garantir a integridade física, moral e política para o povo indígena acampado nestas terras.

Nos dias 13 e 14 de julho, ocuparam novamente a BR-101, estrada intermunicipal que passa pelo território indígena, em manifestação contra a morosidade da Justiça Federal. Conseguiram uma reunião com representantes do governo do estado, que aconteceu no dia 18/7, para tentar dar seguimento ao processo.

Os Kariri-Xocó são fruto da fusão de vários grupos tribais depois de séculos de aldeamento e catequese, em especial a ocorrida há cerca de 100 anos entre os Kariri de Porto Real de Colégio e parte dos Xocó da ilha fluvial sergipana de São Pedro, os quais buscaram refúgio junto aos Kariri quando tiveram suas terras aforadas e invadidas, ao serem extintas as aldeias indígenas pela política fundiária do Império.

Sua cultura foi longamente perseguida e reprimida, o que levou à dissolução de seus costumes e à quase extinção de sua língua. Contudo, mantém a tradição dos seus cantos e danças (o toré) e o Ouricuri, ritual para o qual se reúnem durante alguns dias do ano num espaço ancestral e sagrado. Atualmente, estima-se que na aldeia há cerca de 300 famílias, totalizando 3.000 pessoas.

A luta dos Kariri-Xocó pela terra é secular. Há relatos de um documento deixado por D. Pedro II que já garantia a reserva de seu território. Durante séculos, parte dele esteve sob guarda dos jesuítas, em aldeias missionárias que foram extintas em 1873 pelo Ministério de Agricultura, Comércio e Obras Públicas, sob alegação de inexistência ali de "índios de raça primitiva".

Desde então, as terras estiveram sob poder do Estado e na década de 70 passaram a ser administradas pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF), quando da instalação da barragem de Sobradinho, que inundou parte da área e alterou as estruturas fundiárias de toda a região. Em 1978, é retomado pelos índios parte deste território, correspondentes à Fazenda Modelo, que continha terras do Ouricuri. Este fato trouxe um movimento de revitalização e reformulação positiva de sua identidade.

Há cerca de dois anos existe a Rede de Apoio ao povo Kariri-Xocó, uma rede pública que reúne professores, estudantes da Unicamp, artistas e outros interessados na causa, para apoio ao povo indígena Kariri-Xocó na retomada do seu território e na preservação de sua cultura tradicional e direito sagrado.

Mais informações:

Web: www.karirixoco.com.br/

Faceboook: Rede de Apoio ao povo Kariri-Xocó

Twitter: Rede Kariri Xocó (@redekaririxoco) | Twitter

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