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18º Floripa Teatro: Festival Isnard Azevedo encerra com homenagem a Antônio Cunha

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18º Floripa Teatro: Festival Isnard Azevedo encerra com homenagem a Antônio Cunha

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A Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC) entrega neste domingo (16/10) o Troféu Isnard Azevedo ao diretor, dramaturgo e ator Antônio Cunha em reconhecimento à contribuição dada ao desenvolvimento do teatro catarinense. A homenagem, seguida de apresentação do espetáculo “Marlene Dietrich – As Pernas do Século”, da Minouskine Produções e Lúdico Produções Artísticas (Rio de Janeiro/RJ), marca o encerramento do 18º Floripa Teatro – Festival Isnard Azevedo, às 20h, no Teatro Governador Pedro Ivo.

Celebrando 18 anos de atividade, o festival ofereceu à cidade a maior grade de programação da história do evento. Estiveram na capital 31grupos teatrais de seis estados do Brasil percorrendo 40 comunidades do município, realizando um total de 144 apresentações em teatros, praças, parques, escolas, ruas e espaços alternativos.

O 18º Floripa Teatro – Festival Isnard Azevedo é uma realização da Prefeitura da Capital e Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC). O evento conta com patrocínio Governo do Estado de Santa Catarina, por meio do Funcultural, e Tractebel Energia – GDF Suez, através da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura (MinC), além de ter apoio do Grupo Orbenk e do Majestic Palace Hotel.

Noite de homenagem

Pelo quinto ano consecutivo, no encerramento do Floripa Teatro – Festival Isnard Azevedo é homenageada uma personalidade do meio teatral em Florianópolis. Em 2007, o troféu foi entregue à professora Vera Collaço, do Centro de Artes (Ceart) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), representando o meio acadêmico. No ano seguinte, o iluminador Carlos Falcão recebeu a distinção como profissional da área técnica. Em 2009, a estatueta foi concedida à atriz Zeula Soares pelos anos de dedicação e atuação nos palcos.

José Ronaldo Faleiro foi premiado em 2010 por sua contribuição profissioinal e incursão nos diversos campos das artes cênicas. Em 2011, a comissão organizadora do 18º Floripa Teatro optou pela homenagem ao diretor e dramaturgo Antônio Cunha, que contribui com sua produção, talento e profissionalismo para dar visibilidade internacional ao fazer teatral catarinense.

Nascido em Florianópolis e formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina, Antônio Carlos da Cunha, 50 anos, descobriu a paixão pelo teatro ainda jovem, na década de 1970, atuando com o grupo Arca e, posteriormente, integrando dois dos grupos teatrais mais antigos e respeitados na cidade: Armação e Dromedário Loquaz.

Como ator, uma de suas primeiras experiências foi na peça “Rosa de Hiroshima”, de autoria própria, encenada pelo Grupo Arca, em 1979. A partir daí seguiram-se outros trabalhos autorais como “Ecos” (1979) e “A Luz no Fim do Túnel” (1980). Com o grupo Armação, atuou na peça “Quem Casa Quer Casa” (1989) e “Cala a Boca Já Morreu” (1994), entre outras montagens.

É de sua autoria a peça “Dona Maria, a Louca”, apresentada em Florianópolis e São Paulo, e que estreou em julho deste ano, em Lisboa (Portugal), com a atriz portuguesa Maria do Céu Guerra, permanecendo em cartaz até o momento, com grande sucesso. Cunha também assina as peças “As Quatro Estações” e “Flores de Inverno”, todas publicadas no livro “Três Dramas Possíveis”, editado em 2004, além de “Contestado – A Guerra do Dragão de Fogo Contra o Exército Encantado”, do roteiro do filme de curta-metragem “Santa”, dentre outros.

Em três décadas de atividade profissional, Antônio Cunha tem participação em mais de 30 espetáculos, além de nove filmes. Como ator, vem realizando diversos trabalhos no teatro e no cinema de Santa Catarina, destacando-se o filme “Amores Raros”, de Tânia Lamarca, o mais recente. Assinou ainda a direção de várias peças de teatro, suas e de outros autores, sendo a última “Uma Visita”, do dramaturgo alemão Martins Walser, que dirigiu em 2008, e com a qual excursionou em 2009 pelo território dos Açores, em Portugal, a convite do governo local.

Recentemente iniciou incursão pela ópera, realizando a concepção e direção cênica dos espetáculos “O Diretor de Teatro” (Der Schauspieldirektor) de Mozart (2004) pela Companhia da Ilha; Cavalleria Rusticana, de Mascagni (2004); A Flauta Mágica, de Mozart (2005); Rigoletto, de Verdi (2006); La Traviata, de Verdi (2007 e 2008); O Elixir do Amor, de Donizetti (2008) todas pela Pró-Música de Florianópolis. Em 2010, dirigiu com a mesma equipe a remontagem da ópera La Traviata, desta vez pela Cia. Ópera de Santa Catarina, para a qual prepara, agora em 2011, a ópera “Carmen”, de Bizet.

Pelo trabalho realizado ao longo da carreira recebeu várias premiações, com ênfase para o Prêmio “Bastidores”, concedido em 1989 pela atuação e melhor criação de tipo na peça “Quem Casa Quer Casa” e, em 1992, como melhor autor catarinense pela peça “Flores de Inverno”. Em 1999, conquistou o Prêmio Plínio Marcos de Dramaturgia no 25º Festival Nacional de Teatro de Lages, em 1999, com o texto “Dona Maria, a Louca”.

Peça de Antônio Cunha faz sucesso em Portugal

Desde 20 de julho, o espetáculo “Dona Maria, a Louca” está em cartaz em Lisboa, Portugal. Escrita por Antônio Cunha, e protagonizado pela atriz portuguesa Maria do Céu Guerra, a peça tem agradado o exigente público lisboeta, contando com a participação do ator Adérito Lopes, do artista plástico José Costa Reis nos cenários e figurinos, e do maestro António Vitorino de Almeida na composição e execução da música tema.
Escrito em 1998, “Dona Maria, a Louca” traça um perfil da rainha portuguesa Dona Maria I, apresentado em primeira pessoa, no exato momento em que a Corte Portuguesa, em fuga, aporta finalmente em terras brasileiras. Impedida por seu filho Dom João, Príncipe Regente, de desembarcar devido ao seu estado de demência, Dona Maria permanece por cerca de dois dias a bordo da nau ancorada na Baia da Guanabara.

A estreia da peça ocorreu em 1999, em montagem do Grupo O Dromedário Loquaz, de Florianópolis, com atuação premiada da atriz Berna Sant’Anna, direção de José Pio Borges e cenários de Sylvio Mantovani. No mesmo ano, o texto mereceu homenagem especial do júri do 25º Festival Nacional de Teatro de Lages com a outorga do Prêmio Plínio Marcos de Dramaturgia, instituído especialmente pelo festival naquele ano.
Em 2003, recebeu nova montagem, desta vez em São Paulo, sob a direção de Jairo Maciel, com Mariza Hipólito (primeira atriz cega a atuar profissionalmente no Brasil), sendo apresentado com frequência na capital paulista e em outras cidades daquele Estado até 2008.

Atualmente produzida pelo Grupo A Barraca, em Portugal, a peça teve uma pequena temporada de estreia do dia 20 ao dia 31 de julho, em Lisboa, e após um período de férias da Companhia, retornou ao palco no dia 8 de setembro, permanecendo em cartaz até o final de outubro. A proposta do grupo teatral é percorrer outras cidades portuguesas e depois trazê-la para apresentações no Brasil, especialmente em Florianópolis.

Espetáculo sobre Marlene Dietrich encerra festival em Florianópolis

Primeira montagem teatral brasileira sobre uma das mais inebriantes artistas da música, teatro e cinema do século 20, o espetáculo “Marlene Dietrich – As Pernas do Século” estreou em outubro de 2010 no Solar de Botafogo, no Rio de Janeiro e depois foi apresentado no Festival de Teatro de Curitiba, no Teatro Municipal de Niterói e em outros festivais, conquistando elogios da crítica e aplausos do público.
No texto do dramaturgo Aimar Labaki, o glamour da diva gira na órbita da mulher solitária, perto do fim da vida, aos 90 anos que ao receber um entregador que chega à porta da atriz sem fazer ideia de quem seja aquela velha senhora, pede para ser ouvida e à medida que narra lembranças marcantes, a aura de glória volta a lhe cobrir como um manto que estava suspenso por ali. Com esse artifício, o autor garante que o brilho não ofusque o cerne da estrela, possibilitando ao público conhecer o ser humano e entender o mito Marlene Dietrich.

Interpretação premiada

Sylvia Bandeira, no papel-título, está plena. Há quem diga ser esta a melhor performance de sua carreira, que lhe rendeu a indicação ao troféu de melhor atriz no Prêmio Shell de Teatro do Rio de Janeiro, entregue em março deste ano. Assistiu a todos os filmes de Marlene, leu vários livros – inclusive a biografia cheia de mágoas escrita pela única filha –, ouviu discos gravados durante 50 anos, preparou-se vocalmente. Enfim, estudou a mulher-símbolo sexual chamada “Anjo Azul” (filme de 1930) para realizar o sonho antigo de apresentá-la no palco, contracenando com três atores/cantores e cantando em cinco idiomas: alemão, francês, inglês, português e russo – um desafio linguístico encarado com certa familiaridade, sendo filha e neta de diplomatas.

O diretor musical Roberto Bahal, que assina os 24 arranjos executados ao vivo com piano, violoncelo e clarinete, elegeu “La Vie en Rose”, “Que Reste-t-il de nos Amours”, “The Lady is a Tramp”, “Ne me Quitte Pas”, “Johnny”, “The Laziest Gal in Town”, “Sous le Ciel de Paris” e “Lili Marlene”, entre outros clássicos, para situar a trajetória da personagem, nascida em 1901 na Alemanha, naturalizada norte-americana nos anos 1920 e falecida em 1992, em Paris. A geografia se amplia ainda mais quando, sentindo o peso da idade, embrenha-se pelo mundo para apresentar shows de música de cabaré, com passagens até por Tóquio e Rio de Janeiro, onde entoou “Luar do Sertão”, deliciado ao sotaque germânico, no Golden Room do Copacabana Palace, em 1959.

Marlene Dietrich era destemida, rebelde, de atitudes corajosas e tão impactantes quanto à sua beleza. Preferiu trocar os holofotes de Hollywood, que a iluminaram como ninguém entre as décadas de 1930 e 1960, pelo front da Segunda Guerra, onde eternizou a imagem da celebridade idolatrada animando os soldados das tropas aliadas. Com insígnias e uniforme de coronel, dizia ser apenas mais um combatente, dormindo em porões infectos e cantando na chuva, iluminada só pelos faróis dos jipes. Talvez, um tributo ao pai, militar morto em batalha quando ela ainda era criança, o que lhe causou uma infância difícil. Foi a artista que mais arrecadou dinheiro para os bônus de guerra.

Pioneira em vestir calças compridas, ainda na década de 1920, o cigarro no canto da boca e a cartola sinalizavam a bissexualidade vivida entre muitos amores, mesmo quando casada. Teve vários namorados (e namoradas): Eric Maria Remarque, Yul Bryner, Ernest Hemingway, Gary Cooper, Burt Bacharach, Frank Sinatra, Cole Porter e Jean Gabin, sua grande paixão.

Depois que fraturou o fêmur em seu último show, na Austrália, a atriz isolou-se em Paris. Passou os últimos 15 anos reclusa, bebendo champanhe – sem mostrar a decadência física que se sobrepôs ao rosto suave e emblemático que havia ficado só nas películas. Ah, e aquelas pernas… foram as pernas do século.

Serviço:

O Quê: 18º Floripa Teatro – Festival Isnard Azevedo / ENCERRAMENTO

Quando: domingo (16/10) – 20h
Espetáculo convidado “Marlene Dietrich – As pernas do Século”
(Minouskine Produções e Lúdico Prod. Artísticas – Rio de Janeiro/RJ)
Teatro Governador Pedro Ivo
Rodovia SC 401 – Km 5 / Saco Grande
(48) 3233-0170

Quanto: R$ 10,00 e R$ 5,00 – Teatro Governador Pedro Ivo

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