A capital dos catarinenses comemora 285 anos de fundação amanhã. Foi a 23 de março de 1726, quase cem anos depois da chegada do pioneiro Francisco Dias Velho, que construiu sua casa familiar no local hoje ocupado pela Praça XV e, na frente dela, ergueu um mastro com um painel em honra a Nossa Senhora do Desterro, que o povoado foi elevado à categoria de vila pelo governo real. Naquele ano, o povoado, que crescia lentamente, ganhou uma Câmara Municipal e um pelourinho esculpido com os símbolos de Portugal, marco em pedra que proclamava a autoridade do rei e da administração local. Florianópolis, outrora Desterro. Um dos mais belos pedaços do Brasil meridional; Florianópolis das fortalezas, das praias paradisíacas, cidade legatária de uma cultura rica e multifacetada _ dos índios carijó, dos açorianos, de imigrantes e migrantes que nela construíram vidas novas e a ela ajudaram a construir. Uma intensa programação festejará, no decorrer da semana, o aniversário da outrora Ilha da Magia, que o poeta Zininho soube tão bem cantar.
A comemoração oportuniza lembrar e reivindicar investimentos públicos consistentes e gestão eficiente para, se não resolver de vez, ao menos amenizar graves problemas e carências de infraestrutura urbana e de serviços que hoje degradam a Ilha-Capital e deprimem a qualidade de vida de seus moradores. O problema da falta de mobilidade chegou a um ponto extremo; o transporte público, abaixo de qualquer crítica; a agressão ao ambiente, a poluição em todos os níveis, a especulação predadora…
Na festa dos 285 anos, a cidade pede mais respeito e também pede socorro. Há que ouvi-la e atendê-la antes que seja tarde demais.
(Editorial, DC, 22/03/2011)