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segunda-feira, abril 29, 2024
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Exposição coletiva Cervical no Memorial Meyer Filho

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Exposição coletiva Cervical no Memorial Meyer Filho

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A partir desta quinta, dia 19 de novembro às 20h00, será realizada a exposição coletiva CERVICAL no Memorial Meyer Filho. O evento, sob curadoria da aluna do curso de Artes Visuais Kamilla Nunes, conta com a participação dos artistas Debora Pazetto, Eloah Melo, Giorgio Filomeno, Jorge Luiz, Karina Segantini, Leandro Serpa, Letícia Weiduschadt, Mabel Fricke, Marina Borck, Noara Quintana e Priscilla Menezes.

As obras transitam por diversas mídias, tal como instalação, vídeo, fotografia, gravura, pintura, desenho, aquarela e performance. De acordo com a curadora, Kamilla Nunes, todos os artistas buscam a possibilidade de questionar a coesão do corpo: Corpo-vianda, corpo-suturado, corpo-ausente, corpo-cartográfico, corpo-masoquista, corpo-líquido, corpo-outridade, corpo-paisagem e corpo-fragmento. Assim, não se trata de reduzir a obra a uma idéia ou a um tema específico e perene, mas de aumentar a complexidade das idéias suscitadas por ela.

Serviço
Exposição coletiva CERVICAL no Memorial Meyer Filho
De 19 de novembro a 05 de Dezembro – das 10h00 às 18h00 de segunda à sexta
Endereço – Praça XV de Novembro, 180 – Centro – Florianópolis
Evento gratuito e aberto ao público


CERVICAL
Por Kamilla Nunes, curadora

A escolha das obras presentes na mostra CERVICAL responde à paleta utilizada na produção recente e inédita de artistas interessados no exercício do deslocamento da constituição de corpos, o qual surge, aqui, como uma linha de fuga para o embaralhamento dos sentidos e modelos de comportamento. Ao explorar os sistemas e interstícios do seu próprio corpo e do corpo do Outro, as obras apresentadas provocam uma quebra de parâmetros e convenções instauradas na apologia ao belo.

A mostra conta com a participação de onze artistas, cujas obras transitam por diversas mídias, tal como instalação, vídeo, fotografia, gravura, pintura, desenho, aquarela e performance. Independente do suporte, todos os artistas, de alguma forma, buscam a possibilidade de questionar a coesão do corpo: Corpo-vianda, corpo-suturado, corpo-ausente, corpo-cartográfico, corpo-masoquista, corpo-líquido, corpo-outridade, corpo-paisagem e corpo-fragmento. Assim, não se trata de reduzir a obra a uma idéia ou a um tema específico e perene, mas de aumentar a complexidade das idéias suscitadas por uma obra.

Enquanto Priscilla Menezes cria híbridos de órgãos e plantas e abre o corpo à dimensão da paisagem, Mabel Fricke duplica o seu corpo com um espelho numa performance no centro da cidade de Florianópolis, tensionando não apenas os gêneros pictóricos, como o retrato e a paisagem, como também a duplicação amorfa de fragmentos do corpo, a ponto de torná-lo irreconhecível enquanto tal. Na mesma direção, encontra-se a obra de Jorge Miguel: pequenos mapas sobre retratos. Nesta série, o artista aproxima a fotografia a ponto de evidenciar apenas a textura da pele sem deixar rastros do retratado.

No vídeo apresentado por Karina Segantini, a provocação é incessante, podendo causar repulsa e constrangimento nos desavisados. A artista reuniu em uma só performance, três referências emblemáticas da arte: Valie Export, Paul McCartthy e Herman Nitsch. Além desta obra, será apresentada uma série de pequenas esculturas chamadas Tetéia´s Show: Ímãs de geladeira educativos. De aparente inocência, por serem pequenas e coloridas, as esculturas tomam proporções polêmicas, ao fazerem referência direta ao sadomasoquismo, à pornografia, às anomalias genéticas, etc. O incômodo visual causado por Karina repete-se através do olfato, numa instalação de Giorgio Filomeno com bitucas de cigarros recolhidas desde 2007 em diferentes cidades de Santa Catarina. O volume de bitucas presente na exposição é equivalente à produção anual de um fumante médio, ou seja, uma carteira de cigarros por dia, durante 365 dias, somando um total de 7300 bitucas de cigarros.

A situação comum e cotidiana de rasgar a carne e, em consequência disso, suturá-la, repete-se numa série de quatro gravuras de Eloah Melo e nas fotografias de Letícia Weiduschadt, sob forma de ritmo fantasmático que invade a imaginação e se impõe ao nosso olhar, não com a crueldade do corpo dilacerado, mas com a desnudez e fragilidade à qual estamos submetidos. Debora Pazetto explicita o interior do corpo ao colocar pedaços de carne sobre a própria pele. O erotismo surge nas fotografias como um movimento de depravação e sedução, o primeiro por tornar visível os extremos do corpo enquanto vianda, e o segundo pela visão romântica do nu feminino.

Ao ser perguntado sobre uma possível definição de corpo, Lendro Serpa respondeu: Fazendo o trabalho pensei no corpo como o lugar da morte. A obra referenciada é uma aquarela de 25m, feita especificamente para a mostra CERVICAL. A resposta do artista vai de encontro com a própria obra, sobretudo quando entendemos que o humano é incapaz de assemelhar-se consigo mesmo. Marina Borck e Noara Quintana, ao contrário de Leandro, buscaram no corpo o lugar da fabulação. Há aproximadamente um mês as artistas começaram uma performance sem data para terminar. Noara, aos poucos, está transformando a artista Marina num personagem, vivido por ela mesma, através da semelhança física e comportamental. A obra apresentada faz parte de uma série de fotografias, rastro que configura-se como o próprio trabalho.

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