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sexta-feira, maio 3, 2024
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Farra do Chocolate distribui 50 quilos de doces em Florianópolis

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Farra do Chocolate distribui 50 quilos de doces em Florianópolis

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O local é o mesmo onde até pouco tempo atrás era realizada a Farra do Boi. Caracterizada como crime ambiental e enquadrada na Lei Federal nº 9.605, a prática se extinguiu no Poção do Córrego Grande, bairro de Florianópolis, e deixou os dias que antecedem a Páscoa vazios. “As pessoas esperavam por aquele evento, ficavam se perguntando: ´cadê o boi?`. A alternativa foi relembrar outra tradição desta época, que é a busca pelos chocolates escondidos. Então a Associação dos Moradores do Sertão do Córrego Grande (Amosc) chamou a comunidade e criamos a Farra do Chocolate”, explica César Floriano, professor da UFSC e um dos coordenadores da brincadeira.

Em sua quarta edição, a Farra do Chocolate já é um sucesso de público, e reuniu no domingo de Páscoa (04/04) mais de 250 crianças. A festa começa semanas antes, quando os organizadores batem de porta em porta solicitando as doações aos moradores. Empresas e instituições também são convidadas a participar, e neste ano foram arrecadados cerca de 50 quilos de doces, vindos também de cidades como Itajaí e Blumenau.

Raquel Inácia Carvalho tem duas filhas e participa da organização do evento. Ela conta que as crianças tinham meses quando praticaram sua primeira Farra: foram no carrinho de bebê. Este ano a mais velha passou a semana anterior ansiosa, sem conseguir dormir direito. “Ela me perguntava o tempo todo quando seria o dia da brincadeira”, relata. A mãe vê como positivo o resgate da tradição: “a Farra do Boi é uma coisa violenta, que maltrata o animal. Já a Farra do Chocolate é uma atividade saudável”.

Lisete Carvalho, outra organizadora, explica que os doces são escondidos no dia do evento, às 6h da manhã. “E às 7h já tem criança pela praça, impaciente”. A Farra só começa depois de César explicar as regras e do padre da comunidade fazer uma oração, às 9h.

A procura pelas guloseimas é organizada por faixa etária; crianças maiores penam um pouquinho mais até achar os doces, mas ninguém fica sem chocolate. “Quem não encontrou nenhum pacotinho?”, pergunta César ao microfone. “Por favor, não vale mentir. Quem mentir o coelho dá uma mordida”, avisa, entregando alguns doces nas mãos do menino que reclamou não ter achado nada.

Dicas valiosas

Por fim, são distribuídos panfletos – disputadíssimos – com dicas de onde podem ser encontrados os dez cobiçados ovos grandes. Para seguir as pistas, basta vontade: qualquer pessoa pode participar, independente da idade ou de morar ou não no bairro. As dicas não facilitam muito a vida dos que se dispõem – “Na cachoeira tem um lugar bom de nadar e encontrar ovos de chocolate”, “Na torre de alta tensão, passando a cachoeira, o coelho colocou um lindo ovo”, “Na rua em frente a um barco de pesca eu vi um coelho fazendo ninho” -, mas é exatamente essa a graça da brincadeira. E apesar do esforço da criançada, tem chocolate que acaba esquecido em seu esconderijo. “Ano passado, no dia seguinte à Páscoa, minha irmã pegou um caminho para a casa de uma amiga e encontrou dois ovos”, lembra Hipólito Ênio de Souza, pai e avô de farristas.

Leonardo Santana, de 14 anos, foi o primeiro a voltar com um dos grandes ovos nas mãos. Saudado pelos que permaneciam na praça, ele conta que encontrou o chocolate no Pocinho. “E não estava fácil de achar, não. Escorreguei numa pedra e quase caí”. Mas o garoto é escolado: no ano anterior também conseguiu um dos dez através das dicas.

Vinícius Carvalho, de 11 anos, e Douglas Roberto Peres, de 14 (“e ainda procurando ovo…”), apareceram juntos e molhados com outro dos grandes. “Eu mergulhei no Poção para achar o ovo”, explicou Douglas. Vinícius foi quem encontrou o doce, mas caiu na água também, “para se refrescar”. Os dois dividiram o prêmio conquistado com a parceria.

Texto e fotos: Cláudia Reis/ Jornalista na Agecom

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