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sexta-feira, abril 26, 2024
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Festival de música da UFSC abre espaço para a diversidade

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Festival de música da UFSC abre espaço para a diversidade

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Com uma crítica bem humorada à mediocridade da média musical, o samba “Ninguém Merece, de autoria da cantora Denise Castro”, fechou no domingo, 29, a apresentação das composições selecionados pelo Festival de Música da UFSC – Edição 50 anos. Em dois dias de mostra não competitiva, um público de aproximadamente quinze mil pessoas, no total, circulou pelo campus e acompanhou o primeiro festival universitário de música contemporânea e de autoria própria desde a década de 80. O esforço para inovar, misturando ritmos clássicos e modernos, a diversidade e liberdade de estilos e a preocupação com a qualidade artística marcaram as 20 composições premiadas que agora vão integrar um CD e um DVD alusivo ao aniversário de 50 anos da UFSC.

O sucesso de público e a qualidade da mostra, encerrada pelos grupos Sociedade Soul e Darazaranha, garantiram a continuidade do evento, que será realizado no mesmo local, na Praça da Cidadania e na mesma época do próximo ano. “O festival de música da UFSC veio para ficar”, sentenciou a secretária de Cultura e Arte da UFSC, Maria de Lourdes Borges. Já estão sendo estudadas diversas melhorias, como a prorrogação do festival de dois dias para uma semana, incluindo workshops sobre música e a mostra dos selecionados ao final. O reitor Álvaro Prata, que prestigiou os dois dias do evento e rememorou os festivais da UNB da sua época de estudante, sugeriu que além dos troféus, os selecionados recebam outro tipo de premiação. Essas propostas serão avaliadas dentro de um mês, quando a SeCarte vai convocar os organizadores e apoiadores (DAC, Apufsc e Pró-Reitoria de Assistência ao Estudante) para começar a preparar o festival de 2011.

Foram dois dias de música e de paz. “Mesmo com esse volume inesperado de público, não houve qualquer desentendimento, briga ou incidente no campus”, destacou o coordenador do Festival, Marco Valente, também coordenador do projeto 12:30. Gerry Costa, vocalista do cultuado grupo Dazaranha, que sacudiu a Praça da Cidadania até as 23 horas, falou da carência da Grande Florianópolis desse tipo de iniciativa e aproveitou para reivindicar uma cadeira de música na UFSC. Exemplo de banda que se projetou a partir de um festival, com o Rock Garagem, realizado no Ilha Shopping nos anos 80, o Dazaranha cresceu dentro dos palcos universitários. “É nesses espaços que o artista passa a acreditar no seu trabalho e daí surgem talentos que vão impor uma abertura no mercado industrial”. E chamou atenção da juventude: “Precisa ter consciência do significado político e cultural de um evento capaz de promover a diversidade artística”.

Entre o pôr do sol e o nascer da lua de uma noite de temperatura agradável, o segundo dia da I Mostra Musical iniciou com “Festa da 991”, de Tiago Brizolara da Rosa, uma marcha com bandolins, seguido pelo baião “Cabra da Peste”, de Eduardo Hector Ferraro. Depois dos instrumentais vieram as baladas “Jurema”, de Francisco Muleka Ngoy e “Frio”, de Jean Marcelo Mafra. “Décimo Andar”, rock bem embalado estilo anos 80, de Erlon Evaldo Graboviski, empolgou a plateia. “Sensato”, da Banda Somato, “Impossível”, canção de Thiago José, o rock pauleira “Touro”, da Banda Blame e “Carpe Diem”, da Banda Jeremias Sem Cão, antes que Denise Castro e sua banda encerrassem com “Ninguém Merece”:

Vou fazer uma prece a São Pixinguinha /Que me livre de ouvir coisa ruim /Mesmo sendo minha /Pois ninguém merece aquilo que não combina/ o que não sobe nem desce cantor que desafina/ Me dê uma boa rima que soe bem alto /Mas não deixe o coração bater em sobressalto /Só fazendo uma prece para aturar esse coro / De lá lá lá ladainha Socorro Ary Barroso / Me salve Chiquinha

Sobre o Festival:

Maria de Lourdes Borges, secretária de Cultura e Arte da UFSC: “Nunca na história da universidade tivemos uma expressão artística tão vigorosa e intensa como o que vimos no Festival. A partir de agora a arte e a música têm cidadania plena no meio acadêmico”.

Zeca Nunes Pires, diretor do Departamento Artístico Cultural da UFSC: “Com o Festival de Música e outras iniciativas a UFSC está retomando a dívida que tem com a arte e a cultura, ao colocá-las ao lado da ciência e tecnologia.

Rosemar da Silva, diretora geral da SeCarte. Parece que realizamos um sonho. Tudo que planejamos aconteceu, da forma como imaginamos e até superando nossas expectativas.

Gerry Costa, do Dazaranha. A indústria cultural acaba fazendo uma relação fixa entre o tipo de público e determinados gêneros, mas a riqueza desse evento é que impera a diversidade e a possibilidade de surgirem novos talentos para furar o bloqueio da mesmice.

Durante o espetáculo, equipes profissionais captaram áudio e imagens para a produção de um CD e um DVD comemorativo aos 50 anos de aniversário da UFSC.

Por Raquel Wandelli (jornalista, SeCarte)

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