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sexta-feira, abril 26, 2024
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Florianópolis recebe o espetáculo Comunicação a uma Academia da premiada Cia. Club Noir

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Florianópolis recebe o espetáculo Comunicação a uma Academia da premiada Cia. Club Noir

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Projeto idealizado pelo Club Noir com texto de Franz Kafka chega a capital selecionado pelo Programa BR de Cultura 2009/2010

Depois do sucesso de público e crítica em sua temporada no Projeto Vitrine Cultural2009 (do Centro Cultural Silvio Santos em SP), no FIT (Festival Internacional de Teatro) de São José do Rio Preto, no FIAC BAHIA, na Mostra de Teatro de Uberlândia, no Espaço Mosaico em Brasília, no SESC Santo André, no TEMPO FESTIVAL RJ e em temporada no Teatro do CLUB NOIR, a peça Comunicação a uma Academia, texto de Franz Kafka, direção de Roberto Alvim, com a atriz Juliana Galdino e com José Geraldo Jr., se apresenta dias 01, 02 e 03 de outubro em Florianópolis no Teatro da UFSC. Este projeto foi contemplado pelo PROGRAMA BR DE CULTURA2009/2010 para circular por cinco capitais do Brasil (Goiânia, Florianópolis, Porto Alegre, Curitiba e Vitória.)

Programa BR de Cultura

Lançado em abril de 2009, o Programa BR de Cultura foi criado com objetivo de dar maior transparência e democratizar o acesso à política de patrocínio cultural da Petrobras Distribuidora.

Parte integrante do Programa Petrobras Cultural, o Programa BR de Cultura também contempla projetos de continuidade, como o Cinema BR em Movimento e o Dançando para não Dançar.

A seleção pública desta edição (2009/2010) foi específica para circulação de peças teatrais e se configura como o primeiro plano de patrocínio cultural voltado unicamente para este segmento. Esta seleção visa promover o intercâmbio cultural entre os estados e disseminar os espetáculos que tenham conquistado notório resultado de público.

SOBRE A PEÇA

Em Comunicação a uma Academia, um macaco (interpretado por Juliana Galdino) metamorfoseado em homem, vigiado por um guarda armado (José Geraldo Jr.), faz seu relato, uma simples comunicação aos excelentíssimos senhores membros de uma Academia, acerca de sua história e, sobretudo, acerca do processo de sua transformação. Nada repentina: lutou (graças a um esforço que não encontra até hoje seu equivalente na Terra, ele afirma) para aprender a se comportar como um de nós.

Aprendeu a apertar mãos (o que para ele denota um coração aberto); a fumar cachimbo, costume que caracteriza civilização; a beber aguardente até a saturação, outro hábito que nos configura em nossa humanidade (embora o álcool lhe inspirasse absoluta repugnância); a falar (conquista suprema) e, por fim, a pensar como um de nós.

Por que ele o faz? Porque tornar-se um igual àqueles que o balearam, prenderam e torturaram cruelmente é (ele compreende) sua única saída. Tornar-se um igual, e consequentemente abandonar sua natureza; tornar-se um igual, imitando convenções; tornar-se um igual, tão humano quanto o resto da humanidade. Sua saída.

O macaco se limita a relatar: não se lamenta, mas também não se orgulha. Era

progresso, ele diz, no sentido em que me libertou da jaula e me proporcionou esta saída: uma saída humana…

O macaco fala diante de nós, como se prestasse contas (embora não admita ser julgado por homem algum) – e através do discurso, pensa e conforma gradualmente sua visão de mundo. Reflete e compara sua condição animalesca anterior com a atual humanidade conquistada – hesita, se contradiz, torna-se agressivo, sarcástico, niilista, arrogante, frágil, perplexo. Tornou-se outra coisa – foi forçado a fazê-lo, morreria se permanecesse ele mesmo, precisava tornar-se como os que o espreitavam do lado de fora da jaula… Agora não está mais preso, mas percebe que tampouco está livre. Afinal tornou-se um homem, e aos homens (ele descobre) não cabe a liberdade.

Comunicação a uma Academia desenha o processo pelo qual alguém se torna “humano”. Isto é, o processo que leva um indivíduo (ou mesmo todo um povo) a

abraçar voluntariamente uma idéia hegemônica relativa ao que é ser um ser humano, sob o risco de exclusão da comunidade global. Metáfora terrível de toda forma de condicionamento, colonialismo, adestramento e aculturação, o texto de Franz Kafka suscita a reflexão a respeito de questões urgentes e graves da era globalizada.

A encenação é minimalista. O palco, praticamente vazio de objetos, está repleto das palavras da “criatura”. Conforme a pesquisa da Companhia, o trabalho será pautado na imobilidade dos atores, em movimentos mínimos (mas significativos), numa luz fria e crepuscular e no emprego musical da fala, alternando ritmos, sensações e sobreposições.

O diretor Roberto Alvim, que assina também cenário, iluminação, figurinos e trilha sonora, criou um ambiente frio, asséptico, claustrofóbico. As paredes do cenário são forradas por placas de mármore verde-musgo, com uma grande cabeça de cervo empalhada no alto. Nesse lugar, separado da platéia por uma corda de isolamento, o macaco fala e sua palestra ocorre sob a tensão constante oriunda da presença vigilante de um guarda armado com um rifle.

A encenação de Comunicação a uma Academia, de Franz Kafka, destoa da proposta inicial da Companhia CLUB NOIR (que é a de produzir exclusivamente peças de autores contemporâneos). Isso se deu devido ao encontro da companhia com a obra; as questões nela presentes (urgentes em seu conteúdo e brilhantemente compostas em sua forma), a síntese altamente dramática elaborada por Kafka, tornaram o texto incontornável para nós. Sua pertinência e atemporalidade tornam seu diálogo com o público de hoje tão potente quanto aquele estabelecido pelas melhores obras produzidas na contemporaneidade.

SINOPSE

Diante de uma Academia não especificada (uma representação alegórica de todas as instituições dedicadas ao conhecimento humano), um macaco se apresenta, com o intuito de fazer uma estranha comunicação: o relato de como se tornou humano.

Separado por uma linha divisória dos excelentíssimos senhores acadêmicos e vigiado constantemente por um discreto – mas atento – guarda armado, ele fala. E ao falar, revela o processo de transformações gradual – e incontornável – por meio do qual se tornou o que não era.

FICHA TÉCNICA E SERVIÇO

COMUNICAÇÃO A UMA ACADEMIA

Texto – Franz Kafka.

Tradução e direção – Roberto Alvim.

Elenco – Juliana Galdino e José Geraldo Jr.

Cenário, Iluminação, Figurinos e Trilha Sonora – Roberto Alvim.

Produção Executiva- Danielle Cabral.

Assistente de produção – Júlia Novaes

Fotos – Julieta Bacchin.

Duração – 50 minutos. Classificação – 16 anos.

Dias 01, 02 e 03 de outubro de 2010 – R$10,00 e R$ 5,00 (meia entrada).

sexta e sábado 21h e domingo 20h.

TEATRO UFSC – 100 lugares

ENDEREÇO: DAC – Departamento Artístico Cultural

Campus da UFSC – Trindade – Florianópolis – SC

INFORMAÇÕES: (48) 37219348

Bilheteria: das 13h00 às 18h00 (ingressos antecipados – a partir do dia 20 de setembro) e nos dias do espetáculo até uma hora antes do seu início.

SOBRE O CLUB NOIR

O CLUB NOIR foi criado em 2006 pelo diretor e dramaturgo Roberto Alvim e pela atriz Juliana Galdino, com o objetivo de encenar exclusivamente autores contemporâneos. A companhia produziu até o momento 6 espetáculos: ANÁTEMA (monólogo de Roberto Alvim, com Juliana Galdino); HOMEM SEM RUMO, do autor norueguês Arne Lygre, indicado ao Prêmio SHELL (SP) de MELHOR DIREÇÃO e MELHOR ILUMINAÇÃO (ambas as indicações para Roberto Alvim), e para o PRÊMIO BRAVO! de Melhor Espetáculo Teatral do ano; O QUARTO, primeira peça do dramaturgo inglês Harold Pinter, com tradução e direção de Roberto Alvim, indicado ao Prêmio de Melhor Espetáculo do Ano pela COOPERATIVA PAULISTA DE TEATRO, e vencedor do PRÊMIO BRAVO! de Melhor Espetáculo Teatral do ano; COMUNICAÇÃO A UMA ACADEMIA, de Franz Kafka, com direção e tradução de Roberto Alvim, indicado ao Prêmio SHELL (SP) de Melhor Atriz para Juliana Galdino; A TERRÍVEL VOZ DE SATÃ, de Gregory Motton e H.A.M.L.E.T. versão do clássico escrita por Roberto Alvim com direção de Juliana Galdino.

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