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Movimentos de mobilidade a pé e por bicicleta pedem proteção à Amazônia e o fim do desmatamento

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Movimentos de mobilidade a pé e por bicicleta pedem proteção à Amazônia e o fim do desmatamento

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Campanha “Amazônia Passa Aqui” promove expedições em circuitos urbanos nas 7 capitais do sul e sudeste para estimular a reflexão sobre a importância da floresta e dos povos tradicionais para as grandes cidades

Em meio às projeções de colapso ambiental, de emergências climáticas e dos brutais assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, que denunciavam violações na floresta, a campanha “Amazônia Passa Aqui” nasce a partir de coletivos e organizações da sociedade civil com o objetivo de promover ações de rua que conectem a mobilidade ativa à proteção do território de maior biodiversidade do planeta. A iniciativa foi idealizada pela Coalizão Clima e Mobilidade Ativa – CCMob – e será lançada no domingo, 17 de julho, Dia de Proteção às Florestas, nas 7 capitais das regiões sul e sudeste do Brasil. 

Para o projeto, todas as cidades participantes criaram circuitos culturais que estimulam a reflexão sobre a presença e influência da Amazônia nessas regiões, explica Aline Cavalcante, coordenadora geral da campanha e cicloativista: “Queremos colocar as pessoas que vivem nos centros urbanos para caminhar e pedalar por essas rotas temáticas criadas especialmente para a campanha e que, assim, compreendam que a influência da floresta não tem fronteiras. Sua importância e serviços ecossistêmicos atingem todos nós e os impactos do desmatamento também reverberam nos lugares geograficamente mais distantes. A proteção da floresta também depende de quem está aqui”.

Os trajetos contemplam parques e áreas de preservação, rios e nascentes (muitos inclusive soterrados pelo asfalto), apreciação de horizonte, reflexão sobre os rios voadores, exposições, arte de rua, gastronomia e até contato com comunidades tradicionais. “Qualquer pessoa que estiver nas cidades de Vitória, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Florianópolis ou Porto Alegre pode baixar o mapa para fazer um dos circuitos de forma independente e autônoma. É um roteiro aberto e gratuito, evidenciando sempre espaços públicos. Para quem preferir os pedais e caminhadas em grupo, teremos algumas datas de mobilização em que todos e todas são bem-vindos. É muito legal ver que cada cidade possui particularidades que se traduzem em roteiros super instigantes, potentes e vivos, como é a natureza”, completa. 

Além dos circuitos urbanos, estão previstas atividades de sensibilização, distribuição de materiais, oficinas temáticas, eventos artísticos e culturais ao longo do ano e até a criação de um Manifesto Pela Amazônia.

Mobilização em ano eleitoral

Segundo dados do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), em 2021 foi registrado o pior índice de desmatamento na floresta amazônica nos últimos 10 anos – mais de 10 mil quilômetros de mata nativa foram devastados, 29% a mais que no ano anterior, e as previsões deste ano não estão diferentes. “O que vem acontecendo no Brasil é um verdadeiro atentado às nossas vidas, um saqueamento dos nossos recursos e só reforçam a urgência de que o fim do desmatamento seja tratado com seriedade num pacto nacional inegociável. Não podemos aceitar mais nenhum centímetro de destruição dos biomas. Para isso, vamos pedalar pelas florestas num movimento que fortaleça o imaginário social sobre a importância da preservação da Amazônia e da defesa de seus povos tradicionais. Temos pouco tempo e esse é um ano decisivo para a Amazônia e para o futuro do país!”, finaliza Aline. 

Instituições, coletivos e até mesmo pessoas físicas podem, além de participar dos roteiros propostos, somar à divulgação do projeto. Todos os materiais de comunicação, online e offline, estão disponíveis para interessados em somar na campanha. 

Circuito em Florianópolis – “Era mar mas virou asfalto”

O circuito de Florianópolis liga duas áreas que já foram mar um dia, porém hoje são aterros. A cidade, capital do Estado, é uma ilha e apenas uma pequena fração do seu território fica na parte continental. Ao longo das últimas décadas, seu desenho sofreu alterações devido à ação humana, principalmente por meio de aterramentos em sua orla.

Em grande parte, essas modificações ocorreram para acomodar mais tráfego, principalmente de automóveis individuais. Como resultado, Florianópolis, que já possui uma geografia complexa, por se tratar de uma ilha bastante estreita e com elevações no seu centro, sofre constantemente com sua mobilidade urbana prejudicada, lenta e restritiva.

O trajeto, portanto, questiona inicialmente a devoção da cidade às obras feitas com recursos públicos que beneficiam poucas pessoas – aquelas que estão dentro de seus automóveis. E, mesmo para esse modal barulhento e espaçoso de transporte, os polpudos recursos não são suficientes e a experiência de dirigir, como em boa parte dos centros urbanos, torna-se exatamente o oposto do planejado: lento, caro e poluente.

Ainda no âmbito dos aterros, pouco foi feito para conter os imensos danos ambientais que vieram com as novas áreas. O início do trajeto, por exemplo, se dá na Costeira do Pirajubaé, bairro que tem uma privilegiada vista para o mar, mas também é símbolo de ruas pouco humanizadas, moradias que ocupam áreas de preservação e um aterro que transformou por completo a vida da população nativa, que comumente vivia do extrativismo do oceano.

O circuito liga duas áreas que foram aterradas e transformadas pela ação humana e também contorna parte do Maciço do Morro da Cruz (MMC), uma área que divide espaço entre moradias e matas nativas. O MMC também acomodou, historicamente, a população que não era ‘bem-vinda’ no Centro da cidade, que acabou sendo ‘empurrada’ para as encostas dos morros. Hoje, o Maciço conta com 18 comunidades diferentes que, além da bela vista para o mar, vivenciam desigualdades sociais e violências diversas.

Para uma melhor compreensão dos pontos do circuito, o trajeto está dividido em quatro categorias: Natureza Urbana, Arte Urbana, Pontos Culturais e Edifícios Históricos. Há também outros pontos, que servem como guias direcionais, indicando por onde o trajeto dará continuidade.


O circuito inicia no Skate Park da Costeira e passa por pontos como a Reserva Extrativista do Pirajubaé, Pomar dos Ciclistas, Casa de Passagem Indígena Goj Ty Sá (terminal Tisac), mirante do Hospital de Caridade (área de mata atlântica preservada no centro da cidade, que purifica o ar e regula as chuvas da área central) e a ciclovia da Hercílio Luz, construída sobre o rio da Bulha, canalizado e invisível.

Atividades de lançamento –  17 de julho (mais informações no blog da campanha):

Florianópolis/SC: Circuito “Era mar mas virou asfalto”

Local: Skate Park da Costeira – Av. Jorge Lacerda, 1244 – Costeira do Pirajubaé

Horário: 8h

Chegada: Antiga Rodoviária – Av. Mauro Ramos, 1061 – Centro

Finalizaremos com um almoço-piquenique no Parque da Luz, Centro.

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