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domingo, maio 5, 2024
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Associação dos Delegados aponta motivação política para exoneração na Deic; governo nega

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Associação dos Delegados aponta motivação política para exoneração na Deic; governo nega

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Adepol diz que intimação para depoimento do secretário César Grubba e seu sec. adjunto no caso do desvio de peças do pátio da SSP foi estopim da crise. Em nota oficial, governo revela cronologia da farsa e cópias das notas fiscais em nome do delegado e do relatório da viagem, assinado por Monteiro.

Quando declarou guerra aos ladrões de caixas eletrônicos na terça-feira passada, 3, após liderar a prisão de uma quadrilha que explodira terminais de auto-atendimento em Luis Alves, o delegado Cláudio Monteiro já havia reconhecido aos seus superiores que viajara para Miami em vez de Campo Grande (MS) entre os dias 21 e 28 de fevereiro de 2011 e confessado que seu relatório de viagem era falso e que as notas fiscais expedidas em seu nome não eram dele realmente. Sabia, também, e desde março, que seria exonerado do cargo de diretor da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) e passaria por investigação por peculato e falsificação de documentos. Os policiais que colaboraram com a falsa participação de Monteiro em Campo Grande também serão investigados.

A operação

As informações foram confirmadas na tarde desta segunda-feira, 9, pelo secretário de segurança pública, César Grubba, pelo delegado geral da Polícia Civil em Santa Catarina, Aldo Pinheiro, e pelo corregedor Nilton de Andrade, na sede da SSP/SC, no Centro de Florianópolis. Eles apresentaram, em nota oficial, uma cronologia do caso, além de cópias das notas fiscais em nome de Monteiro e do relatório da viagem, assinado pelo delegado.

No dia 17/02/2011, Monteiro assinou requerimento de diárias para ele mais três policiais civis para uma viagem de investigação para Campo Grande (MS), com saída prevista para o dia 21/02 às 6h e retorno no dia 26/02, com veículo oficial da Polícia Civil.

No dia 21/02, foram assinados os cheques, nominais, entregues aos policiais e, posteriormente, descontados. No mesmo dia, às 19h51, segundo informações checadas com a Polícia Federal, o delegado Monteiro embarcou em vôo internacional para Miami, nos Estados Unidos, e retornou no dia 28/02.

No dia 28/02, Monteiro e os três agentes da Deic que estiveram de fato na missão no MS apresentaram relatórios individuais de prestação de contas, juntando notas fiscais de despesas de restaurantes nas cidades de Campo Grande, Dourados (MS) e Perobal (PR).

A denúncia e a confissão

No dia 21 de março deste ano, mais de um ano depois da operação, denúncia acompanhada de cópias de documentos chegou ao conhecimento de Grubba, que determinou que o caso fosse investigado. Quando a PF confirmou a viagem internacional, na mesma semana, Monteiro foi chamado a se explicar e confessou que não estivera em Campo Grande.

Na semana seguinte à confissão, Monteiro voltou à SSP/SC, informou que iria devolver os valores das diárias, ficou sabendo da investigação e, diz Grubba, de que seria exonerado do cargo de diretor da Deic. No dia 2 deste mês, Grubba informou a decisão ao governador Raimundo Colombo, que concordou.

No dia 3, Monteiro declarou à rádio CBN/Diário, sobre os ladrões de caixas eletrônicos:

– Gostaríamos de deixar um recado a esse pessoal: se vierem a Santa Catarina, ou vão ser presos ou mortos, porque se vierem para o confronto, a gente vai matar.

Motivação política

À tarde, antes da coletiva de Grubba, na sede da Deic, no Estreito, o delegado Renato Hendges, presidente da Associação dos Delegados de Polícia de Santa Catarina (Adepol), falou com a imprensa e mostrou o que, segundo policiais da Deic, seria a real motivação do governo do Estado por trás da exoneração do delegado Monteiro.

O delegado titular da Divisão de Furtos e Roubos de Veículos, Alexandre Carvalho, revelou que o secretário Grubba e o secretário adjunto coronel PM Fernando Rodrigues foram intimados oficialmente pela Deic a prestarem esclarecimentos sobre o caso do desvio de peças de veículos do pátio do Complexo Administrativo da Segurança Pública, e que isso teria enfurecido a cúpula do governo. Da mesma forma, a investigação a respeito de recursos desviados das Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), também conduzida pela Deic, estaria “incomodando” o governo.

Grubba disse que o assunto dos veículos não tem qualquer relação, que irá prestar depoimento no caso e que, quando soube da investigação dos desvios, pediu que se investigasse tudo “doa a quem doer”. Sobre a Celesc, disse que o inquérito deve terminar em breve e então se saberá o que aconteceu.

Antes disso, o governador Raimundo Colombo já declarara, pela manhã, que a exoneração de Monteiro era uma atitude de boa gestão, e não política. Seria política, afirmou, se o governo, sabendo da “falta grave” cometida pelo delegado, “se omitisse”.

Protesto pró-Monteiro

Um grupo de cerca de 30 pessoas se reuniu por volta das 17h30 em frente à sede da SSP/SC para protestar contra a decisão do governo de exonerar o delegado Monteiro. Com cartazes e apitos, cantaram palavras de ordem que pediam o retorno do policial ao cargo de diretor da Deic.

O protesto foi organizado via redes sociais. No Facebook, o grupo Fica Delegado Monteiro já conta com mais de 30 mil participantes.

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