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quarta-feira, abril 24, 2024
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Últimas apresentações do Retrato de Augustine no Teatro da Ubro

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Últimas apresentações do Retrato de Augustine no Teatro da Ubro

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Premiado pelo Myriam Muniz de 2008, o espetáculo Retrato de Augustine segue em cartaz no Teatro da UBRO, em Florianópolis. Essa é a primeira montagem do texto das australianas Peta Tait e Matra Robertson, com tradução para o português e direção de Brígida Miranda, professora de interpretação e direção teatral do Centro de Artes da UDESC. Além dela, os professores do CEART José Ronaldo Faleiro, Fátima de Costa Lima e Vicente Concilio participam da produção, juntamente com diversos graduados e alunos do Centro, incluindo Juliana Riechel no papel da protagonista.

A peça se baseia em documentos e registros verídicos do hospital La Salpêtrière, na França, onde no século XIX o neurologista Jean-Martin Charcot – que teve Sigmund Freud como seu aluno – realizou um intenso estudo sobre a histeria como ‘uma doenca mental’ e fez uso da hipnose para induzir e observar surtos histéricos. Augustine foi uma de suas pacientes, que foi selecionada para participar de palestras e, aos poucos, foi ganhando espaço na vida social de Charcot. A história é contada do ponto de vista dela, jovem internada em 1876, aos 15 anos de idade.

Brígida conheceu a obra em 2002, quando foi convidada por sua orientadora de doutorado – a própria Peta Tait – para assistir a uma leitura dramática de Mesmerized (nome original da peça em inglês). “Durante a leitura, enquanto o elenco dava voz aos personagens, fui me sentindo ‘mesmerizada’, fascinada pela historia de Augustine”, conta ela. Ao fim da sessão, cumprimentou a autora e expressou sua vontade de traduzir e montar aquele texto. Assim, ela descobriu que essa se tratava da segunda leitura dramática da peça, sendo que a primeira aconteceu anos antes em Sydney com interpretação de Kate Blanchett.

“O que é interessante é ver como a fotografia (que era uma nova tecnologia) passa a ser usada pelo Charcot como recurso da ciencia. Não se discutia o aspecto ficcional e subjetivo de uma fotografia. Bem, aí é que está o nó da questão: se as fotos são uma maneira de provar a existencia de algo, Charcot comeca a promover o uso da fotografia das histéricas para fazer uma catalogação da forma e dos ciclos de um ataque histérico”, explica a professora Brígida Miranda. As poses fotografadas eram nomeadas de acordo com as nomenclaturas do melodrama: dor, medo, terror… “O curioso é que aí você tem o entrelaçamento entre Teatro e Histeria!”, ressalta a diretora.

Depois de três anos trabalhando em Florianópolis, com o contato de vários artistas que também já reconheciam seu trabalho, Brígida viu a oportunidade de produzir Retrato de Augustine. Em 2008 ela traduziu o texto e juntamente com Fabiano Lodi inscreveu o projeto no Edital Myriam Muniz, da FUNARTE, com o qual o espetáculo foi contemplado – em parceria com a Ypslon Produções D´Artecultura. A iniciativa também conta com o apoio da UDESC, do Espaço Cultural Casa das Maquinas e do Departamento de Arte e Cultura da UFSC.

Elenco e produção

No elenco e nos bastidores há participação de diversas pessoas do CEART. Atuando, estão os professores José Ronaldo Faleiro, como o Dr. Charcot; Fatima Costa de Lima, que faz a mãe de Augustine e a enfermeira Botard (além de assinar a cenografia do espetáculo); e Vicente Concilio, no papel de um médico assistente de Charcot, personagem construído com base em Freud e Babiski, ambos internos do La Salpêtrière. Augustine é interpretada pela aluna Juliana Riechel, acompanhada de Duda Schappo como outra paciente do hospital e Pedro Coimbra, que é assistente de direção e intepreta um trabalhador do hospital, relizando as cenas de maior violência física. Os ex-alunos Guilherme Rosário Rotulo, Fernando Marés e Janaína Martins também atuam.

Na produção estão os alunos Luiz Felipe Bianchini e Oto Henrique como produtores executivos, a assistente de produção Paula Cruz, os recém graduados Fabiano Lodi na direção de produção e Elaine Sallas como assistente de produção, a mestranda Morgana Martins que assina o repertório sonoro da peça com assistência da graduada da Musica Renata Swoboda, que assinam o repertório sonoro da peça e Cláudia Mussi, que é assistente de direção, além de responsável pelo marketing e design gráfico. Na luz estão Daniel Olivetto e Andre Sarturi; a ex-aluna Ana Julia Guiz faz a maquiagem em conjunto com o Rob Oliver e a equipe conta com o apoio de Ivo Godois e Luciano Bueno.

Serviço:

Espetáculo Retrato de Augustine
Teatro da UBRO:
6, 7 e 8/05, às 20h, e e 9/05 às 19h
Acesse também o site do espetáculo: www.retratodeaugustine.com

Mais sobre a história:
(por Brígida Miranda)

Os documentos indicam que uma jovem foi internada em 1876, aos quinze anos sofrendo de paralisia no braço direito e perna esquerda, era diagnosticada como uma paralisia histérica. Alguns relatos sugerem abuso sexual na casa onde ela trabalhava como empregada e sessões de exorcismo no colégio de freiras onde ela estudou. Ao longo dos anos que ela fica no hospital La Salpêtrière, é escolhida para tratamento com o doutor Charcot. “Freud diz que Charcot era um artista, um “visuel””, conta Brígida. e que preparava cuidadosamente suas palestras quase de forma teatral. Nas palestras das sextas feiras Charcot costumava exibir as pacientes para uma platéia de doutores e muitos curiosos, a grande atriz Sarah Bernard, por exemplo, foi uma dentre outros ilustres espectadores.

Obviamente, nesse grande teatro que eram as palestras cientificas, as pacientes começaram a ser expostas como ‘divas da histeria’, a Augustine foi uma delas, talvez a mais jovem e mais erotizada, e certamente a mais fotografada. A peça Mesmerized que eu traduzi como Retrato de Augustine reconstrói esta historia na perspectiva de Augustine, a paciente.

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