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sexta-feira, abril 26, 2024
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Entrevista de Max Gehringer no 6º Encontro Catarinense do Terceiro Setor em Florianópolis

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Entrevista de Max Gehringer no 6º Encontro Catarinense do Terceiro Setor em Florianópolis

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Emprego: uma busca desafiadora

Max Gehringer, apresentador dos quadros “O conciliador” e “Meu primeiro emprego” do Fantástico, fez a palestra de encerramento do 6º Encontro Catarinense do Terceiro Setor, evento foi promovido pela FUCAS, em Florianópolis . Gehringer incentivou os jovens para se comprometerem em movimentos e organizações sociais, além de dar dicas para aqueles que buscam inserção no mercado de trabalho. Segundo ele, todas as experiências são válidas e infelizmente, os jovens têm se preocupado muito com a teoria acadêmica e dedicam pouco tempo para colocar em prática o que aprendem em sala de aula.

O que os jovens devem fazer para entrar no mercado de trabalho?

Para se inserir no mercado de trabalho é necessário oferecer aquilo que o mercado está precisando. Não adianta ter faculdade, pós-graduação e intercâmbio, se não é isso que as empresas estão procurando. O maior índice de desemprego atual é entre os jovens de até 25 anos, formados em curso superior, e que nunca trabalharam. As empresas procuram um equilíbrio entre currículo acadêmico e experiência prática. As pessoas que oferecem muito currículo acadêmico e nenhuma experiência prática perdem a vaga para alguém que tenha menos currículo acadêmico, mas que possua dois ou três anos de experiência. É isso que as empresas estão procurando. Muitos não entendem isso e pensam “Eu me formei e não consegui um emprego. Então vou fazer um MBA”. Ai continua sem conseguir emprego, e tenta aprimorar ainda mais o currículo acadêmico, ao invés de buscar experiências práticas.

Sobram vagas em determinadas áreas enquanto outras estão saturadas. Como mudar este quadro?

Na verdade, o que falta para o jovem é se formar técnico ou começar a trabalhar o quanto antes. A idade ideal é começar a trabalhar pelos 17 anos. Incentivo os jovens a fazerem um curso técnico e depois ir para a faculdade. Um não elimina o outro, e tendo um curso técnico você já consegue um emprego. No Brasil há um buraco no mercado de trabalho, e está sobrando pessoas com diploma universitário e faltando técnicos. Em torno de 92% dos técnicos estão empregados antes de terminar o curso técnico. Então, antes de reclamar que não tem emprego ou achar que escolheu o curso errado, os jovens devem buscar oportunidades. Existem oportunidades para quem quer ver, e para quem quiser chorar também tem bastante espaço.

Os jovens têm buscado abrir o seu próprio negócio ao invés de conseguir um emprego. Esta é uma característica desta geração?

O século XX foi o século em que as pessoas se prepararam para ser empregados. No século XIX as pessoas se preparavam serem agricultores, e o século XXI é quando os jovens se preparam para ser empresários. A carreira número um é ser empreendedor, e se não der certo, as pessoas viram empregados. Os países crescem quando tem bons empreendedores, e não bons empregados. Uma pesquisa mostra que metade das empresas fecha antes de cinco anos, mas este é o mesmo número nos Eua e na Europa. Já as franquias têm índice de fechamento perto de 10%, no mesmo período. Isso por que a maior parte das decisões já foi tomada, e o franqueado recebe um negócio fechado, estruturado, em todas as áreas da empresa, com indicações que vão desde o treinamento dos funcionários até a decoração do local.
Também não adianta ficar em casa esperando o emprego dos sonhos bater na porta. É necessário correr atrás. As pessoas que têm boas histórias para contar são aquelas que fizeram algo diferente, o que ninguém fez. É difícil conseguir um emprego? Entre em uma ONG, faça trabalho voluntário.

Quais são os principais desafios que os jovens enfrentam no mercado de trabalho?

Nunca houve uma geração de jovens tão bem preparada com a que está entrado no mercado agora. Porém é uma geração que tem uma ambição muito grande, que quer chegar rapidamente aonde gerações anteriores levaram anos e até décadas para chegar. Isso causou algo que é comum no mercado hoje, que é a mudança de emprego. Aos 25 anos, alguns já tiveram cinco empregos. A pessoa entra em uma empresa, passa seis meses, um ano, e não é promovida, e pensa que está na empresa errada. Mas esquecem que em gerações anteriores isso era o normal. Assim vai tentando em outras empresas, e quando está pela 4ª ou 5ª empresa, começa a perceber que apesar do entusiasmo e da vontade de crescer, os gestores da empresa têm mais de 40 anos, são de uma geração que tem um ritmo diferente. Eles querem dois anos de bons resultados para oferecer uma promoção. É um choque de gerações. E este choque hoje acaba resultando em alta rotatividade. O principal desafio dos jovens é ter paciência para esperar as oportunidades. Para aprender a ter paciência, é necessário passar por dois ou três empregos e perceber que eles são todos parecidos. Isso acalma um pouco os jovens e ajuda a entender como funciona o mercado de trabalho

Quais são os principais erros cometidos pelos jovens?

O primeiro erro que todos cometem é desrespeitar o chefe. Nenhum funcionário tem entre suas atribuições avaliar o desempenho do chefe. São contratados por que existe um trabalho a ser feito e o chefe é responsável final por este trabalho. As pessoas são contratadas para dar suporte ao trabalho do chefe. A geração atual discute com os professores, discute com os pais, e chegam ao mercado de trabalho achando que dá pra discutir com o chefe. Existe um senso de hierarquia e ordem que é um pouco difícil de ser entendido por alguns jovens. Assim, começar a trabalhar pelos 17 anos é interessante, pois nesta idade você ainda aceita ter um chefe, mesmo que não goste, e acaba incorporando, o que é mais difícil pelos 24 anos.
Se relacionar bem com o chefe independentemente da sua opinião sobre ele é muito importante, pois ele recebeu da empresa um mandato temporário. Não quer dizer que ele seja melhor, mas que tem um título para exercer o trabalho. Se você não respeita a pessoa, tem que ao menos respeitar o cargo e a função que ela exerce. Na hora em que existe desrespeito ao chefe, há uma reação imediata, e sempre vai sobrar para o subordinado. Tem que saber se portar, e não tratá-lo como alguém igual ou inferior, pois neste caso, o cargo dele é superior ao seu.

É importante levar em consideração a cultura da empresa ao se escolher um emprego?

Sim, pois quem entra numa empresa, não entra para ser entendido, e sim para entender a empresa. Aprenda a cultura da empresa: pode falar palavrão? As pessoas se cumprimentam de manhã? Eu posso procurar uma empresa que tenha uma cultura parecida com a minha, mas não posso achar que a minha cultura vai prevalecer sobre a cultura da empresa. Se você se desentende com o chefe, ou não entende/se adapta a cultura da empresa, é bem provável que seja demitido.

E na hora de se candidatar, como chamar atenção de um possível empregador?

Este é um outro desafio. Os currículos estão padronizados demais. Os currículos em sites sequer permitem que as pessoas coloquem características mais pessoais, dizer se é emocional ou racional, por exemplo. Este lado pessoal é importante, mas não tem mais espaço nos currículos, principalmente com os sites, que focam só no profissional. Quando a pessoa manda um currículo, ela tenta chamar atenção e algumas colocam algo diferente. Alguns colocam o time que torcem, frases como “Deus é fiel”, ou até poesia, mas tudo depende de quem lê. Se a pessoa que receber um currículo com a frase “Deus é fiel” for religiosa, isso vai chamar muito a atenção. Mas se ela for alguém que deseja não misturar religião com a empresa, este currículo poderá ser descartado. É um risco. Se ela mandar 100 currículos com a mesma frase, pode ser que 30 se interessem por este diferencial.

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Max Gehringer, apresentador dos quadros “O conciliador” e “Meu primeiro emprego” do Fantástico, fez a palestra de encerramento do 6º Encontro Catarinense do Terceiro Setor, evento foi promovido pela FUCAS, em Florianópolis . Gehringer incentivou os jovens para se comprometerem em movimentos e organizações sociais, além de dar dicas para aqueles que buscam inserção no mercado de trabalho. Segundo ele, todas as experiências são válidas e infelizmente, os jovens têm se preocupado muito com a teoria acadêmica e dedicam pouco tempo para colocar em prática o que aprendem em sala de aula.

O que os jovens devem fazer para entrar no mercado de trabalho?

Para se inserir no mercado de trabalho é necessário oferecer aquilo que o mercado está precisando: não adianta ter faculdade, pós-graduação e intercâmbio, se não é isso que o mercado quer. As empresas procuram um equilíbrio entre currículo acadêmico e experiência prática. As pessoas que oferecem muito currículo acadêmico e nenhuma experiência prática perdem a vaga para alguém que tenha menos currículo acadêmico, mas que possua dois ou três anos de experiência. É difícil conseguir um emprego? Entre em uma ONG, faça trabalho voluntário.

Sobram vagas em determinadas áreas enquanto outras estão saturadas. Como mudar este quadro?

Na verdade, o que falta para o jovem é se formar técnico ou começar a trabalhar o quanto antes. A idade ideal é pelos 17 anos. Incentivo os jovens a fazerem um curso técnico e depois ir para a faculdade. Um não elimina o outro, e tendo um curso técnico você já consegue um emprego. No Brasil há um buraco no mercado de trabalho, e está sobrando pessoas com diploma universitário e faltando técnicos. Em torno de 92% dos técnicos estão empregados antes mesmo de terminar o seu curso.

Os jovens têm buscado abrir o seu próprio negócio ao invés de conseguir um emprego. Esta é uma característica desta geração?

O século XX foi o século em que as pessoas se prepararam para ser empregados. No século XIX as pessoas se preparavam serem agricultores, e o século XXI é quando os jovens se preparam para ser empresários. A carreira número um é ser empreendedor, e se não der certo, as pessoas viram empregados. Os países crescem quando tem bons empreendedores, e não bons empregados. Mas também não adianta ficar em casa esperando o emprego dos sonhos bater na porta. É necessário correr atrás.

Quais são os principais desafios que os jovens enfrentam no mercado de trabalho?

Nunca houve uma geração de jovens tão bem preparada com a que está entrado no mercado agora. Porém é uma geração que tem uma ambição muito grande, que quer chegar rapidamente aonde gerações anteriores levaram anos e até décadas para chegar. Isso causou algo que é comum no mercado hoje, que é a mudança de emprego. Aos 25 anos, alguns já tiveram cinco empregos. O principal desafio dos jovens é ter paciência para esperar as oportunidades.

E os principais erros cometidos pelos jovens?

O primeiro erro que todos cometem é desrespeitar o chefe. Nenhum funcionário tem entre suas atribuições avaliar o desempenho do chefe. São contratados por que existe um trabalho a ser feito e o chefe é responsável final por este trabalho. As pessoas são contratadas para dar suporte ao trabalho do chefe. A geração atual discute com os professores, discute com os pais, e chegam ao mercado de trabalho achando que dá pra discutir com o chefe. Existe um senso de hierarquia e ordem que é um pouco difícil de ser entendido por alguns jovens.

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