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Deu no The New York Times: Florianópolis registra boom imobiliário persistente

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Deu no The New York Times: Florianópolis registra boom imobiliário persistente

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Nick Foster
Em Florianópolis
The New York Times

Quando Hans Keeling largou seu emprego em um escritório de advocacia em Nova York em 2004, seu plano era levar uma prancha de surfe até a ilha subtropical verdejante de Santa Catarina, no Sul do Brasil, e desfrutar de uma vida menos frenética.

Mas Keeling, um californiano de 35 anos, acabou colocando suas bermudas de surfe de lado e ingressou no ramo imobiliário na ilha, que está atraindo novos moradores das grandes cidades do Brasil, assim como de lugares distantes.

Florianópolis, a única cidade da ilha e lar de 420 mil habitantes, é a capital do Estado de Santa Catarina. Os brasileiros frequentemente usam o mesmo nome — ou o apelido mais curto, Floripa — para se referir a toda a ilha, que tem 53 quilômetros de extensão.

A ilha estreita e montanhosa é uma presença constante nas pesquisas de qualidade de vida na imprensa brasileira e isso — somado às regras de zoneamento rígidas que protegem a floresta nativa da ilha, as dunas de areia e as lagoas — tornam escassos os apartamentos e casas de luxo. Os valores dos imóveis locais aumentaram de 8% a 10% nos últimos cinco anos, com um período de estagnação, no final de 2008 e início de 2009, durante a pior fase da crise econômica mundial, disse Keeling.

Ricardo Valls da Imobisul, uma imobiliária e incorporadora, diz que novos imóveis de luxo estão sendo vendidos a R$ 6 mil a R$ 10 mil o metro quadrado, dependendo da localização e dos confortos.

Diante da valorização do real, os preços em Florianópolis não são mais vistos como uma pechincha para compradores do exterior, cujas economias são em euros ou dólares. Há cinco anos, o dólar estava cotado entre R$ 2,30 e R$ 2,40, e o euro entre R$ 2,75 e R$ 2,95. Atualmente o dólar está cotado a R$ 1,60 e o euro a R$ 2,27.

Logo, é a beleza e a paz do local, além do crescimento econômico robusto, que está estimulando as vendas, apesar de Valls notar que mais pode ser feito.

“A ilha precisa se preparar para mais recém-chegados, o que significa novas escolas, hospitais e opções de lazer, fora a praia”, ele disse. “Se e quando essa nova infraestrutura for implantada, poderá haver um aumento extra significativo nos preços.” Além disso, alerta Valls, “às vezes a falta de uma certeza legal pode ser um problema para os empreendedores imobiliários, particularmente quando se trata de licenças ambientais e regras tributárias”.

Típico no Brasil? Talvez, mas esta é uma área que conta com algumas surpresas. Florianópolis não tem favelas (apesar de haver áreas isoladas de moradias rudimentares) e baixa criminalidade. As ruas são bem pavimentadas e há serviço público de ônibus confiável. A ilha conta com um setor pesqueiro tradicional — ostras são a principal exportação — mas também conta com um aglomerado desenvolvido de empresas de alta tecnologia próximas do setor universitário da cidade.

A ilha foi habitada inicialmente por pescadores dos Açores, e muitos moradores locais ainda falam português com o sotaque de seus antepassados. Alguns vilarejos isolados ainda possuem as casas coloniais tradicionais, em tons pastéis, que eles construíram. Mas a imigração da Alemanha e da Europa Central para esta parte do país em anos mais recentes deixou uma abundância de cabelos loiros e olhos azuis.

A empresa de Keeling, a Floripa Vacation Homes, projeta, constrói e vende casas a uma curta caminhada da Praia Mole, uma conhecida praia no leste da ilha, popular entre surfistas, observadores de baleias e — nos meses de verão — executivos da indústria da moda do Brasil. Ele também aluga imóveis na área.

A empresa está oferecendo uma casa no condomínio Vale do Sol na Praia Mole. Ela tem quatro banheiros, quatro quartos, uma piscina e sala de estar com pé direito de 10,5 metros. O preço pedido é de R$ 2,7 milhões.

A proximidade do Atlântico levou os construtores a usarem pisos de mármore e cerâmica em vez de madeira natural, que é a opção padrão em outros lugares no Brasil. “Algumas madeiras escuras locais resistem à maresia, mas é preciso ter cuidado na escolha dos móveis em lares próximos do oceano, neste clima quente e geralmente úmido”, disse Keeling.

Keeling faz parte de um grupo crescente der norte-americanos e europeus em Florianópolis que — juntamente com moradores de São Paulo, a apenas 45 minutos de avião — vieram à ilha nos últimos anos com a intenção de dar uma pausa na carreira. Alguns deles, como Keeling, acabaram abrindo negócios e comprando casas e apartamentos. A maioria se estabeleceu na Praia Mole ou arredores, ou na tranquila e artística Lagoa da Conceição, um bairro em expansão com 10 mil moradores, às margens da lagoa próxima do centro da ilha.

É uma mistura realmente interessante de pessoas”, disse Keeling, cujo próximo projeto é construir um hotel-butique de luxo com vista para a Praia Mole. “Nós todos gostamos de esportes e de estarmos ativos. Se você se cansa de surfar no mar, você pode surfar em uma duna de areia, ou remar ou caminhar.”

Dadas as vantagens atléticas da ilha, é apropriado que seu filho mais célebre e morador seja Gustavo Kuerten, o tenista aposentado que ganhou três vezes Roland Garros. A ilha já recebeu a Copa Davis de tênis e é parada regular no circuito internacional de surfe.

Os recém-chegados estão gradualmente ocupando o lugar dos argentinos que, há uma geração, eram o maior grupo de estrangeiros da ilha. Mas as comunidades à beira-mar no norte, construídas por e para argentinos — o bairro um tanto lotado de Ingleses é típico — estão agora um pouco deterioradas. Vazamentos nos canos de esgoto são um problema recorrente neste bairro e levaram alguns proprietários de imóveis a organizarem manifestações como método de pressionar por melhoras.

Também no noroeste fica o Jurerê Internacional, um empreendimento misto residencial e de lazer. Desde 1980, ele gradualmente se transformou de um manguezal em um canto da ilha em uma comunidade valorizada de imóveis residenciais e de férias, completo com heliporto.

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