“A editora universitária de uma universidade pública, além de não buscar o lucro, promove a socialização do saber e torna acessível o conhecimento à população”. Assim o diretor executivo da Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC), Sérgio Luiz Rodrigues Medeiros, justifica a decisão de disponibilizar na internet o livro O Detetive de Florianópolis, de Jair Francisco Hamms, incluído na lista de obras que serão cobradas no próximo vestibular da UFSC. A versão digital foi liberada após autorização expressa da viúva do autor, Lúcia Rupp Hamms.
A reedição das 31 crônicas de Hamms foi lançada em setembro do ano passado na tradicional feira que a EdUFSC promove no Campus da Universidade, em Florianópolis. A primeira edição foi publicada em 1983, quando a EdUFSC era dirigida pelo escritor Salim Miguel. A maioria das crônicas tem como personagem central o Detetive Domingos Tertuliano Tive (D.T.TIVE), cujo escritório “funciona” no centro de Florianópolis e que “atende somente com hora marcada” e “sob absoluto sigilo”. Além de trotes e causos hilariantes envolvendo o famoso detetive mané, Jair Hamms oferece outros episódios carregados de humor, ironia e sarcasmo, e que, com certeza, divertirão os vestibulandos.
O livro digital não elimina o livro de papel. O Detetive de Florianópolis continuará sendo oferecido no formato impresso. “Uma coisa não prejudica a outra. O livro on-line é o mais barato, mas deve ser tão bonito e agradável quanto o impresso; e para ser eficaz, bom e fácil de ser lido”, sublinha o escritor Sérgio Medeiros.
Ecos do Porão, de Silveira de Souza, e Últimos Sonetos, de Cruz e Souza, também foram colocados à disposição dos internautas leitores. O diretor da EdUFSC avalia que a iniciativa não comprometeu a edição impressa. “Democratizar o acesso dos livros, na íntegra, principalmente considerando as condições econômicas dos leitores e alunos, é um compromisso de inclusão social da universidade pública”, pensa Sérgio Medeiros. O acesso livre ao livro de Jair Hamms põe fim, por exemplo, ao mito de que uma obra escolhida para o Vestibular visa a dar unicamente lucro às editoras. “Até porque o maior compromisso da Universidade e da Comissão do Vestibular é com a qualidade das obras”, complementa.
Publicando “títulos para ler o mundo”, a EdUFSC procura acompanhar os novos tempos. A direção da EdUFSC entende que o barateamento do livro passa pelo acesso livre a, pelo menos, cem títulos até o final de 2013. Paralelamente, segundo Sérgio Medeiros, a EdUFSC dará continuidade a sua política de editar e publicar livros de qualidade, bonitos e bem feitos. “Para publicar bons livros nem sempre o fundo do quintal é a melhor solução”, constata o dirigente da EdUFSC.
Jair Hamms, autor de O Detetive de Florianópolis, faleceu em janeiro de 2012, na praia da Armação, em Florianópolis. Escreveu, entre outros, O Vendedor de maravilhas, Samba no Céu e A Cabra Azul. Um dos fundadores da UFSC, ocupou o cargo de secretário geral. O ex-reitor Ernani Bayer, presente ao relançamento, contou, na presença da viúva Lúcia Rupp, que chamava Jair para contar histórias para superar crises na sua gestão à frente da UFSC.
